Covid: todos os sete internados em UTIs no CE são crianças ou adolescentes
Há um ano, o Estado tinha 96 adultos e 15 crianças internadas em UTIs, perfazendo uma taxa de ocupação dos leitos de 44,4%. Nos leitos de enfermaria, eram 57 adultos, 92 crianças e uma gestante internados em 10 de outubro de 2021. O que representa 26,55% dos leitos disponíveis para pacientes com a doença à época.
Nas últimas quatro semanas, a faixa etária de zero a 17 anos concentra 19% dos casos registrados no período — 247 confirmações.
Conforme Fernanda Remígio, infectologista do Hospital São José (HSJ) e diretora da Sociedade Cearense de Infectologia, a quantidade de crianças internadas por Covid-19 atualmente está ligada à cobertura vacinal na faixa etária.
"Isso mostra que é o grupo que teve menor cobertura vacinal. Dos adultos, pelo menos 90% tomou três doses. As crianças tomaram menos doses e ficaram suscetíveis. Nas crianças, como normalmente não há tantas comorbidades, a gente atribui mais à essa menor cobertura vacinal", relaciona.
Entre as crianças com 3 e 4 anos, apenas 13.721 recebeu duas doses. O que representa 5,2% do total de 262.214 crianças nessa faixa etária. No caso das crianças entre 5 e 11 anos, 58,7% tomou a segunda dose: 527. 534 das 898.219.
No caso da faixa etária de 12 a 17 anos, são 818.600 ao total. Dos quais 717.194 receberam pelo menos duas doses, o equivalente a 87,6%. Para os cálculos, são utilizadas a projeção populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e os dados de aplicação das doses disponíveis no Vacinômetro, da Sesa.
Os adultos internados atualmente, de acordo com a médica, geralmente são pessoas com outras enfermidades. "Procuraram atendimento de saúde por outro motivo e, em algum momento da internação, desenvolvem um quadro respiratório. Quando fazem o exame, dá positivo para Covid-19. Estão internados com Covid-19, mas não por Covid-19", explica Fernanda.
Ela defende que "seria importante refletir sobre a política de vacinação para essa faixa etária". "A cobertura foi bem mais baixa do que nos adultos. Como o quadro nos idosos era pior, todos correram para vacinar os idosos", compara.
Como a transmissão nos adultos diminuiu e aumentou a proteção, por causa da vacinação, as crianças tornaram-se as mais vulneráveis. "Temos nossa vida de volta, mas precisamos ficar de olho, precisamos de vigilância, acompanhando", pondera.
"A gente tem que ficar muito satisfeito de chegar a essa transmissão mínima comparada às ondas anteriores. Temos que valorizar os esforços de isolamento, lavagens de mãos e principalmente da vacinação, que fez com que a gente conseguisse diminuir a transmissão", relaciona a infectologista.
Fonte: O povo
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