domingo, 22 de setembro de 2013

Para o comércio virar o jogo e golear na Copa de 2014

Ao longo de dois anos, o comércio treinou o seu time, driblou a falta de capacitação, deu um ´chapéu´ nos transtornos causados pelas obras de infraestrutura e chutou a gol para vencer o importante ´amistoso´ da Copa das Confederações, evento realizado em junho deste ano e que teve Fortaleza como uma das cidades-sede. Todo o esforço, contudo, foi em vão para boa parte dos varejistas locais, que viram um gol de placa ser anulado, frustrando as boas expectativas que tinham para o ´ensaio´ da Copa do Mundo da Fifa, que ocorrerá daqui a nove meses.

Os principais responsáveis por interromper o que seria a grande jogada do comércio foram os feriados decretados pela Prefeitura de Fortaleza nos dias de partidas da Copa das Confederações na Arena Castelão. Dos três jogos que Fortaleza sediou, dois foram realizados em dias de úteis (19 e 27 de junho), com uma lei municipal obrigando o comércio a fechar as portas. Nem mesmo um recurso impetrado pela Federação do Comércio do Ceará (Fecomércio-CE) no Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) reverteu a situação.

O resultado, para a maior parte do varejo da Capital, foi frustração e, para quem fez investimentos pensando no grande fluxo de turistas prometido para o evento, prejuízo.

Prejuízo

"Fomos surpreendidos negativamente durante a Copa das Confederações. Nos preparamos para o evento e acabamos sendo vitimados por essa medida infeliz (os feriados nos dias de jogos na Arena Castelão) dos nossos gestores. Até hoje não tive uma explicação lógica sobre aquilo. Ninguém justificou o fechamento, mas o prejuízo eu contabilizei. Esse é real, não é hipótese. Houve perda de 5% do faturamento para cada dia fechado. Sendo dois dias de feriado, foram 10% a menos de faturamento, o que é um dinheiro que não retorna", afirma o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, Freitas Cordeiro.

A avaliação negativa do evento para o comércio varejista da Capital é praticamente uma unanimidade entre os representantes do setor. O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Ceará (Fecomércio-CE), Luís Gastão Bittencourt, faz coro com o presidente da CDL Fortaleza e garante que o "comércio não ficou nada satisfeito com o fechamento no dias dos jogos".

"Para a atividade comercial, a Copa das Confederações não foi positiva. O feriado em dias úteis foi muito ruim. Tirou o faturamento. Os dois feriados reduziram em 20% o número de dias úteis do mês de junho", reforça o assessor econômico da Fecomércio-CE, Alex Araújo. "Do ponto de vista econômico, a Copa das Confederações foi negativa. Além dos feriados, junho teve uma mudança muito brusca na confiança do consumidor. É difícil dizer qual (dos dois fatores) impactou mais", completa.

Positivo

Apesar do impacto negativo para a grande parte do comércio varejista da Capital cearense, Alex Araújo lembra que a Copa das Confederações, embora também não tenha tido o grande fluxo de turistas esperado, foi positiva para alguns segmentos, como supermercados, bares e restaurantes.

No caso dos bares e restaurantes, o evento esportivo foi positivo para uma boa parcela dos estabelecimentos do segmento em Fortaleza. "Fizemos uma pesquisa com parte dos nossos associados e constatamos que 70% dos entrevistados avaliaram de forma positiva a Copa das Confederações, período em que registraram um aumento médio de 30% no faturamento", diz o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel-CE), Ivan Assunção, acrescentando que, para o segmento, os feriados costumam ser positivos, uma vez que a movimentação começa a crescer no dia anterior.

Conforme Assunção, os outros 30% que avaliaram o evento como negativo ou não foram influenciados pelos efeitos da Copa das Confederações ou foram prejudicados devido aos feriados, a exemplo dos restaurantes self-service localizados no Centro da cidade.

Preparação
Para o presidente da Fecomércio-CE, outro ponto positivo do evento foi a constatação da boa preparação dos empresários e trabalhadores do setor. "A Copa das Confederações também deixou boas impressões com relação a algumas lojas, que prepararam seu pessoal, falando inglês. No geral, tivemos um bom movimento, mas esses dias de fechamento trouxeram vários transtornos", avalia Luís Gastão.

ÁQUILA LEITE/DHÁFINE MAZZA/ RAONE SARAIVAREPÓRTERES

Fonte: Diário do Nordeste

Nenhum comentário:

Postar um comentário