segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Semana do Peixe começa com cobrança por preço mais baixo

Comerciantes avaliam que o evento ocorre em uma época inoportuna devido à temporada dos ventos fortes no Estado
Crescimento da produção, redução dos preços e elevação do consumo do pescado são as apostas do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) para a X Semana do Peixe, que começou neste domingo e acontece até o próximo dia 15 em todo o País. No Ceará, porém, quarto maior produtor de pescado do Brasil, a Semana é apontada como uma ação louvável, mas os comerciantes de peixes e frutos do mar, considerados "a ponta" da cadeia produtiva, avaliam que a ação ocorre num momento inoportuno.

Neste domingo, embora tenha sido o primeiro dia da Semana do Peixe em todo o Brasil, a movimentação no Mercado dos Peixes, localizado no Mucuripe, foi considerada tranquila pelos comerciantes FOTO: TUNO VIEIRA

A dificuldade apontada por comerciantes da Capital leva em conta que, nesta época, o Estado atravessa a temporada dos ventos, o que dificulta a pesca, impacta na oferta e, consequentemente, nos preços do pescado para o consumidor. Prova disso é que, na manhã de domingo, primeiro dia da Semana do Peixe, a movimentação de clientes foi considerada normal no Mercado dos Peixes do Mucuripe, em Fortaleza.

Em compensação, não faltaram reclamações quantos aos preços de peixes e frutos do mar. O quilo de pargo, cioba, guaiuba e ariacó não saía por menos de R$ 17. O quilo da sardinha chegava a R$ 10. A cavala custava a partir de R$ 22 o quilo. A mesma quantidade de camarão e lagosta sai por R$ 17 e R$ 35, respectivamente, e o quilo do polvo é R$ 15. O comerciante e pescador Antônio Pereira de Matos, proprietário de um box no Mercado dos Peixes, no Mucuripe, acredita que o preço do pescado no Estado deve sofrer elevação de até 40% até novembro, quando termina a temporada dos ventos, e as condições de pesca voltam a ser mais favoráveis. Ele vê o investimento caro para a pesca como outro fator a brecar os objetivos da Semana do Peixe. "O preço do diesel para as embarcações sobe e não podemos repassar para o preço do pescado ou o consumidor some", enfatiza o comerciante.

Oferta

"Estimular o consumo de pescado é uma ação importante. Mas, aqui no Ceará, deveria acontecer num outro momento e não agora, em plena temporada dos ventos, quando é difícil ir ao mar para pescar, o que gera a redução da oferta e encarece os preços", acrescenta Matos.

Já o contador Antônio Carlos Freire conta que costuma comprar três quilos de pescado toda semana e seria muito mais, não fosse o preço cobrado por parte dos comerciantes. "É válida a Semana do Peixe e o incentivo ao consumo, mas é preciso baixar os preços", projetou.

"Eu sempre compro peixe e frutos do mar, mas os preços andam salgados, o que impede que eu adquira mais", comentou a professora Lindalva Fernandes, reiterando que o preço elevado é a maior barreira para o consumo mais intenso por parte dos brasileiros.

Incentivo

Luís Vitório de Oliveira, o "Pelé", atua no Mercado dos Peixes há quase 40 anos. Ele também considera que a Semana do Peixe deveria ocorrer em outro momento. "O governo quer incentivar o consumo de pescado justamente numa época de escassez do produto, pelo menos aqui no Ceará", comentou Pelé.

Para o comerciante, a baixa oferta atual contribui para o manutenção dos preços num patamar elevado para o consumidor, que, assim, prefere outras carnes, pois entende que o pescado não rende na sua mesa.

No ano passado, a Semana resultou no aumento do consumo nacional de peixe em 20% e conseguiu reduzir os preços em 24%. Para este ano, o Ministério acredita que a diminuição dos preços chegue a 25% em supermercados e feiras de todo o País.

O estudo mais atualizado mostrou que o cearense consume, anualmente, entre 10 e 12 quilos de pescado, enquanto a média nacional é de 9,6 kg/ano. A Organização Mundial de Saúde (OMS) diz que o consumo ideal é de, pelo menos, 14 quilos do produto ao ano.

FIQUE POR DENTRO

Novo mercado deve ficar pronto em outubro

O Mercados dos Peixes do Mucuripe funcionava no final da Avenida Beira-Mar. Mas, desde maio passado ocupa espaço junto à Estátua de Iracema, também no Mucuripe. O local provisório conta com 49 quiosques. A mudança ocorreu em função do início das obras de qualificação da Avenida Beira-mar por parte da Prefeitura.

A previsão é de que o novo Mercado fique pronto em outubro. O valor total da obra de requalificação urbana da Beira-Mar é de R$ 231,9 milhões, e o prazo de conclusão é de 24 meses, a contar de maio passado.   

Fonte: Diário do Nordeste

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