segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Aplicativos são centro da disputa por usuários


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O WhatsApp foi vendido para o Facebook, pontuando uma sequência de aquisições no segmento que teve início em 2011, com a compra do Skype pela Microsoft
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A preferência dos usuários por aplicativos de comunicação, ao invés do serviço SMS,tem trazido perdas de receitas às companhias telefônicas
FOTO: TUNO VIEIRA
        
De olho na direção para onde os usuários estão indo, grandes empresas cobiçam o sucesso dos apps de mensagens

WhatsApp, Line, WeChat, Snapchat, Viber... Cada vez mais comuns nas telinhas dos smartphones, esses ícones da comunicação instantânea ganharam importância no dia a dia dos usuários ao superar, com seu serviço rápído e eficiente, antigos queridinhos dos usuários de dispositivos móveis.

Levando em conta a praticidade de comunicação de seus serviços de mensagens, eles deixaram para trás as redes sociais mais badaladas - como o Facebook e o Twitter - e, ainda mais o tradicional SMS das operadoras de telefonia móvel. O uso dos aplicativos de mensagens teve crescimento de 203% no ano passado e, em 2012, superou o SMS em número de mensagens enviadas, segundo a Flurry Analytics.

Não é à toa que as grandes empresas de tecnologia cobiçam as companhias que comandam esses aplicativos, geralmente startups (empresas iniciantes). O movimento das grandes companhias de tecnologia em torno das empresas especializadas em aplicativos de comunicação não é novo. Já em 2011, a Microsoft adquiria o Skype, com sua ferramenta de telefonia e mensagens via internet, por US$ 8,5 bilhões. Agora, a bola da vez é o WhatsApp, que tem feito para o SMS em celulares o mesmo que o Skype fez para chamadas de longa distância nos telefones fixos. Prestes a completar cinco anos de existência, o WhatsApp já reúne 450 milhões de usuários.

Mercado agitado

Na última semana, os dois fundadores do WhatsApp - os veteranos do Yahoo, Brian Acton e Jan Koum - não resistiram à oferta de US$ 19 bilhões feita pelo Facebook. Antes, Acton e Koum já haviam recusado uma oferta do Google no valor de US$ 1 bilhão, em abril do ano passado, e depois outra de US$ 10 bilhões. Antes de concretizar essa aquisição, o Facebook havia assediado o Snapchat, que em novembro passado rejeitou ser vendido por US$ 3 bilhões - o triplo do valor que a rede social pagou pelo Instagram, aplicativo de compartilhamento de fotografias que também é sucesso entre os jovens nas telinhas móveis.

Em meados deste mês, o também popular aplicativo de mensagens Viber foi adquirido pela empresa de comércio eletrônico japonesa Rakuten, por US$ 900 milhões. Resta saber agora qual será o passo a ser dado pelo Google nesse segmento. A gigante de buscas na internet tem seu serviço de mensagens instantâneas, o Hangouts, que mesmo atrelado ao Gmail não chega a ser tão popular quanto o líder do segmento, agora nas mãos de seu grande rival.

Um levantamento divulgado em novembro pela empresa de pesquisa On Device Research mostra que o WhatsApp lidera a preferência de usuários brasileiros, com 72%, seguido pelo Facebook Messenger, com 49%, e pelo Skype, com 30%. A mesma pesquisa mostrou que, no Brasil, 67% dos usuários utilizam aplicativos de mensagens instantâneas mais de dez vezes por dia, enquanto 40% dizem o mesmo sobre os SMS.

SMS em baixa

Um estudo divulgado em janeiro deste ano pela empresa de pesquisa Strategy Analytics mostrou que a receita com SMS (mensagens de texto via rede telefônica móvel) das operadoras globais caiu pela primeira vez no ano passado, atingindo US$ 104 bilhões. O valor representou uma baixa de 4% na comparação com o resultado obtido no ano de 2012. A consultoria atribui a queda à popularização dos serviços de mensagem instantânea como WhatsApp, Line Messenger e We Chat no mundo, o que poderá levar ainda a uma queda de 20% nas receitas com SMS até 2017.

Operadoras investem em soluções próprias

Diante da forte popularidade dos "messengers" - que entregam mensagens sem custo adicional pra quem já tem uma conexão com a internet -, as operadoras também têm estudado adotar aplicativos semelhantes aos líderes do segmento, como o WhatsApp, na tentativa de forçar uma migração. Um exemplo é o Joyn, ferramenta criada pela GSMA, associação global de operadoras, e lançado no Brasil pela Claro em agosto do ano passado.

A Vivo também está estudando apoiar o aplicativo. Mas a operadora considera ainda outras alternativas, como o To Go, serviço lançado pela Telefónica na Inglaterra, que transforma a linha de celular em uma espécie de conta de e-mail, podendo ser acessada de diversos dispositivos. Mas, na opinião de Marceli Passoni, analista da consultoria Informa Telecoms & Media, as experiências de aplicativos criados pelas operadoras não devem ter sucesso na competição com WhatsApp e Skype.

"Não há adesão a esse tipo de serviço, porque normalmente o cliente só consegue se comunicar com usuários da mesma operadora", declara.

A perda de receita das operadoras com a popularidade dos aplicativos de mensagens não está sendo compensada com a maior contratação de pacotes de dados, afirma o presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude.

Segundo ele, além de oferecer pacotes de SMS ilimitados, as operadoras podem tentar firmar parcerias com desenvolvedores de aplicativos, de forma a compartilhar as receitas obtidas e minimizar os impactos. "Mas não adianta pensar que vai se proibir o uso desses aplicativos, esse tipo de mentalidade já sumiu do mapa", afirma. Para Marceli, da Informa, esse é um desafio para as operadoras. "Dificilmente o usuário vai pagar, porque já está acostumado com serviço gratuito", diz, completando que as operadoras precisarão rever seu modelo de negócios sobre o SMS.

Fonte: Diário do Nordeste

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