terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Especialista não descarta possível racionamento


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Boa situação dos reservatórios da região Norte pode ajudar governo federal a garantir abastecimento de energia, mas está longe de ser solução
Foto: Divulgação

Apesar de o governo federal afirmar que o fornecimento de energia elétrica está "assegurado" para os consumidores brasileiros, o consultor João Mamede Filho diz não acreditar que a situação esteja tão tranquila assim.

Segundo ele analisa, com o nível atual dos reservatórios e a escassez de chuvas, é possível até que haja a necessidade de outro racionamento, a exemplo do que aconteceu em 2001. "Não descarto essa possibilidade porque o nível dos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste estão muito baixos.

Assim, se não chover muito acima do normal até abril, é bem provável que tenhamos que recorrer ao racionamento", afirma Mamede Filho. O especialista ressalta, porém, que a medida não seria tão profunda como a de 2001, tendo em vista que o Brasil possui as termelétricas. "Isso culmina, contudo, no aumento dos custos da energia", complementa.

Preocupação com os custos
Sobre o uso das termelétricas, Mamede Filho se mostra preocupado com o fato do governo federal estar bancando os custos adicionais. Segundo ele, os efeitos posteriores podem ser bastante ruins. "As térmicas possuem um custo muito maior e o governo está arcando com esse aumento para segurar o preço ao consumidor. Para se ter uma ideia, somente neste ano teremos um repasse de R$ 20 bilhões às companhias, oriundos do tesouro nacional. Um hora isso pode estourar e recair de forma profunda na economia brasileira", opina.

Impacto no Nordeste
Mesmo com o nível dos reservatórios nordestinos subindo gradativamente por conta das recentes chuvas, João Mamede Filho considera que o ritmo ainda é muito lento e que a situação está longe de não preocupar.

"As chuvas que caem no Nordeste representam apenas 10% da carga dos reservatórios da região. A grande maioria corresponde às águas do São Francisco que vêm principalmente de Minas Gerais. Ora, se por lá há ausência de chuva, logo teremos um forte impacto por aqui", opina o consultor.

O que pode ajudar o governo federal a fornecer energia elétrica, segundo Mamede Filho, é o atual desempenho dos reservatórios da região Norte, que atualmente estão com um nível de água próximo a 70%. Ele alerta, porém, que a capacidade máxima instalada por ali é a menor entre as regiões brasileiras. "Está chovendo bastante no Norte e isso pode aliviar um pouco o abastecimento nacional, mas é impossível sustentar as demandas do ano inteiro apenas com essa capacidade", conclui.

Fonte: Diário do Nordeste

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