quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Plano de negócios não garante refinaria no Ceará


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Graça Foster disse que refinarias premium 'ainda tem um caminho a seguir'até serem concretizadas, quando devem provar que possuem rentabilidade e seguem de acordo às métricas internacionais
Foto: Kléber A. Gonçalves
        
Presidente da Petrobras disse que lançamento das licitações previsto para abril não obriga concretizar o projeto

O lançamento das licitações para a refinaria Premium II, no Ceará, continua programado para abril, mas a Petrobras não vê a usina como um empreendimento o qual tenha a obrigação de concretizar. Ontem, durante apresentação do Plano Estratégico 2030 e Plano de Negócios e Gestão 2014-2018, a presidente da estatal, Graças Foster, afirmou que não irá contratar o projeto caso ele não atenda aos princípios de rentabilidade e às métricas internacionais.

Além disso, a previsão para o início da operação do empreendimento foi adiada pela estatal em dois anos. Segundo informou ontem a assessoria de comunicação da Petrobras, a expectativa para o começo das atividades passou de 2017 para 2019.

O novo Plano de Negócios da empresa mostrou um avanço no status das refinarias Premium, tanto a do Ceará quanto a do Maranhão, que saíram da carteira de projetos em análise para a carteira de projetos em processo de licitação, mas isso, informou a presidente, não garante que elas serão construídas.

"Fizemos essa carteira de projetos em licitação, na qual estão incluídas as refinarias Premium I e II, mas, efetivamente, temos toda a liberdade e obrigação de somente realizá-las se tivermos condições para isso", declarou Foster.

A presidente acrescentou: "podemos fazer 'zero' da carteira em licitação. Nossa premissa é concluir a carteira em implantação. Temos o que efetivamente não é compromisso assumido, que é o que ainda não tem obra".

'Caminho a seguir'

Ela explicou que, há dois anos, segurou os dois empreendimentos Premium na carteira de avaliação. Todavia, após submeter os projetos à revisão e terceirizar sua infraestrutura, a empresa chegou a um Valor Presente Líquido (VPL) positivo das usinas, o que justificou o avanço delas no plano. Mas estas, como disse, "ainda têm um caminho a seguir" até serem concretizadas.

Para isso, as usinas devem manter esse VLP positivo, atender aos princípios de rentabilidade da empresa e às métricas internacionais.

"Os preços, vamos perceber com as licitações", esclareceu Foster. A presidente defendeu por diversas vezes em sua apresentação as medidas mais cautelosas diante da necessidade de controlar o endividamento da Petrobras, que cresceu 36% no ano passado e está acima das metas da empresa.
"O Plano não exclui nenhum projeto, mas não 'se joga' em projetos que não deem viabilidade, rentabilidade à empresa", disse.

Foster esclareceu que a possível não continuidade de projetos que não garantam rentabilidade não se limita às refinarias, podendo se estender também para a área de Exploração e Produção (E&P). "Se não contratar as refinarias, não refina, se não refina, produz-se menos óleo. Não vamos produzir mais óleo a qualquer preço", defende.

Custos não definidos

A Petrobras anunciou um investimento de US$ 220,6 bilhões para o período de 2014 a 2016. Deste total, 70% serão destinados para a área de Exploração e Produção. Já a área de Abastecimento, que inclui a construção das novas refinarias, terá 18% (US$ 38,7 bilhões) do bolo, participação que vem sendo reduzida nos últimos anos - no plano 2013-2017, eram 27%.

O volume financeiro destinado para a ampliação do parque de refino, incluindo tanto os projetos em implantação (Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e o primeiro trem do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro - Comperj), quanto aqueles em processo de licitação (refinarias Premium no Ceará e Maranhão), é de US$ 16,8 bilhões.

"Os recursos são em função das nossas necessidades. Nosso ritmo tende a diminuir. As refinarias Premium I e II serão feitas com parcerias", explica o diretor de Abastecimento da empresa, José Carlos Cosenza.

O diretor disse que não é possível afirmar ainda o percentual desse montante que será destinado a cada uma das duas refinarias Premium. "Estamos ainda em análise de projetos. Nós já temos o VPL positivo e estamos buscando melhorar. Estamos estudando a engenharia do projeto, não tem detalhamento ainda", explica.

Importação de derivados deve acabar em 2020

Rio. A presidente da Petrobras, Graça Foster, prevê o fim da importação de derivados pelo país em 2020, quando, segundo ela, será atingida a autossuficiência em refino, de 3,4 milhões de barris por dia. No ano passado, a importação de derivados teve impacto significativo no lucro da empresa, por conta da dificuldade da estatal em repassar para os preços internos do aumento dos custos internacionais.

A dificuldade se deve ao governo, controlador da empresa, preocupado em trazer impactos para a inflação. Segundo a executiva, em 2015, já será atingida a “autossuficiência volumétrica”, ou seja, o volume de gasolina e diesel produzidos no Brasil será igual à demanda interna, apenas numericamente – mas sem que toda a produção das refinarias seja destinada ao brasileiro.

Isso porque existe uma diferença entre o petróleo produzido e o tipo de petróleo que as refinarias processam. Já até 2020, a capacidade de refino brasileira será totalmente adequada a atender a demanda interna.
Segundo Graça, até 2020 a produção de petróleo no país aumentará em 50%, para 2,9 milhões de barris. Até 2030, a produção atingirá 4 milhões de barris por dia, o dobro do patamar atual, somente nos reservatórios da empresa.

SÉRGIO DE SOUSA
REPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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