BNB fechou 2013 com lucro líquido de R$ 360,3 mi
Diferença de lucratividade entre um ano e outro vem de alterações contábeis feitas no início de 2013 nas contas de 2012, aponta a diretoria
Em um ano considerado tranquilo, sob o ponto de vista político, mas ainda marcado por denúncias do Ministério Público Estadual (MPE), sobre irregularidades financeiras, que teriam sido cometidas por diretores e funcionários da instituição, o Banco do Nordeste (BNB) registrou, em 2013, lucro líquido de R$ 360,367 milhões, valor 56% inferior aos R$ 820,492 milhões anotados no balanço financeiro de 2012.
A queda na lucratividade chama a atenção, não apenas por representar menos da metade do registrado no ano anterior, mas também porque no ano passado, o BNB realizou 438 mil operações de crédito a mais do que em 2012, totalizando 4,287 milhões de operações creditícias, que resultaram em R$ 23,2 bilhões financiados. Esse montante superou em 1,8%, os R$ 22 bilhões emprestados em 2012.
Além do que, o lucro operacional anunciado, de R$ 551,217 milhões, em 2013, foi semelhante, ou apenas 2% menor do que os R$ 562,02 milhões, computados no ano anterior.
'Andando de lado'
Os números constam no Relatório da Administração do BNB de 2013, divulgados na tarde de ontem, pela diretoria do Banco. Segundo o diretor de Controle de Risco do BNB, Manuel Lucena, a diferença de lucratividade entre o resultado de um ano para o outro, não está nos resultados de 2013, mas decorre de alterações contábeis que tiveram que ser realizadas no início do ano passado, nas contas de 2012.
Naquele ano, explicou Lucena, o banco fez uma constituição de crédito tributário de R$ 743 milhões e registrou outras receitas acumuladas da ordem de R$ 240 milhões, o que teria elevado contabilmente os resultados de 2012. Segundo ele, o lucro líquido real contábil do BNB em 2012 foi de apenas R$ 100 milhões.
Além da alteração contábil, acrescenta Lucena, o banco foi obrigado a devolver em dezembro do ano passado, R$ 140 milhões, ao FNE, o que teria reduzido, ainda mais, os recursos disponíveis para o banco operar.
"O lucro do banco vinha andando de lado. O lucro líquido médio histórico do banco é da ordem de R$ 350 milhões", revelou o presidente interino do BNB, Nelson Antônio de Souza.
Sem interferências
Sem tecer críticas à administração anterior, sob a presidência de Roberto Smith, até 2011, Souza declarou que 2014 será o ano de consolidação do processo de crescimento e de ampliação da concorrência, inclusive com os bancos comerciais privados.
Para tanto, ele informou que a diretoria teria reestruturado, por completo, o modelo de contratação de crédito da instituição, além de ter investido, em 2013, R$ 156 milhões, em tecnologia da informação, com a aquisição de novos softwares, máquinas e equipamentos de informática, além de incremento na capilaridade do banco. "O banco estava obsoleto", reconheceu Manuel Lucena.
Para o presidente interino, o BNB está agora mais seguro, inclusive quanto a interferências políticas na diretoria da instituição, e com menor probabilidade de fraudes. "Hoje todas as operações são analisadas por comitê de crédito", garantiu Souza, prometendo maior agilidade e menor burocracia na concessão do crédito, uma das maiores reclamações dos empresários pequenos, médios e grandes da região.
Concorrência difícil
Apesar dos avanços tecnológicos, Antônio de Souza reconhece a dificuldade de competir com os bancos comerciais privados, em termos de volume de negócios, mas acredita que melhores serviços, novos produtos e atendimento podem resgatar a imagem do banco, que, mesmo com os problemas enfrentados, ainda é o responsável por 37% de todos os investimentos gerados no Nordeste.
No ano passado, contabilizou, o banco financiou R$ 23,2 bilhões, sendo R$ 12,7 bilhões com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), representando incremento de 6,3% em relação ao ano de 2012. Desse total, cerca de 45%, ou R$ 5,5 bilhões foram originários do Tesouro da União e o restante resultado de reembolso dos juros cobrados nos empréstimos concedidos.
FNE E FDNE
De acordo o diretor Financeiro e de crédito do BNB, Fernando Passos, esse deve ser o patamar como qual o banco tende a seguir, no que diz respeito aos recursos do FNE. "O banco não tem plataforma de crescimento nas operações do FNE, pelas próprias limitações do mercado", avalia Passos. Para ele, a instituição pode avançar comercialmente, mas com recursos próprios.
Quanto aos recursos do FDNE, ele disse que não deve haver alterações no curto prazo. No ano passado, dos R$ 2 bilhões do FDNE, o BNB operou R$ 980 milhões e a Caixa Econômica e o Banco do Brasil, o restante. Outra fonte de recursos são os créditos de cobrança, que em 2013 renderam R$ 2,475 bilhões.
Banco audita 13.328 operações suspeitas
Das 55 mil operações de crédito que seriam fraudulentas, denunciadas pelo Ministério Público Estadual (MPE), a diretoria do Banco do Nordeste disse ontem, que reconhece apenas 13.328 e que todas elas (devedores) estão sendo auditadas uma a uma, pela direção da instituição financeira.
De acordo com Fernando Passos, diretor Financeiro e de Crédito, as operações irregulares apontadas pelo MPE datam do período de 1975 a 2007 e que esse número não é representativo, diante dos milhões de operações realizadas pela instituição todos os anos. Somente em 2013 foram contratadas 4,3 milhões.
Atualmente, o BNB registra ainda 135 mil ações de cobranças ajuizadas ao longo dos últimos anos, em decorrência de empréstimos efetuados e inadimplidos, ou seja, que não foram pagos, no total ou em parte.
Nota à imprensa
A propósito de matéria publicada na revista Época, edição n.º 821, que traz denúncias de operações de crédito irregulares entre o Banco do Nordeste e as empresas WTorre, Moura Dubeaux e Cart, citadas na reportagem, a direção do banco afirma em nota enviada à imprensa que "foram todas pagas em dia". No caso da OAS, acrescenta a nota, "há apenas uma parcela remanescente, cujo vencimento ocorrerá em 15 de julho próximo". O valor não foi revelado.
O BNB "esclarece, ainda, que o Relatório - Certificado de Conformidade de Operações de Mercados de Capitais, no qual a reportagem se fundamenta, constitui, na verdade, um relatório de caráter preliminar, que serviu de roteiro para o Banco sanear as pendências identificadas". E que não há desconformidades nas referidas operações. (CE)
Carlos Eugênio
Repórter
Fonte: Diário do Nordeste
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