Atuação de flanelinhas preocupa
Sem regulamentação e fiscalização adequadas, alguns guardadores de carro chegam a ameaçar e até extorquir pessoas
Seja próximo dos badalados pré-carnavais da Capital, seja no entorno de casas de show, ou mesmo nas ruas mais movimentadas de qualquer cidade cearense, atualmente, é difícil não encontrar alguém cobrando para vigiar o automóvel ou moto. Sem qualquer regulamentação trabalhista, os flanelinhas ocupam irregularmente espaços públicos e, em alguns casos, chegam a intimidar e até a extorquir aqueles que não cedem aos pedidos deles. E o pior: este tipo de "profissão" não tem nenhum tipo de fiscalização.
Acostumada às abordagens de flanelinhas na rua e também ciente de que a cobrança é ilegal, a secretária Cristina Marques, 49, conta que já desafiou diversos deles. "Uma vez, na praia, dei R$ 10 a um, ele me devolveu o dinheiro porque achou pouco", relembra ainda espantada com a atitude.
"Outro dia fui comprar camarão ali no Mercado dos Peixes, deixei o carro na vaga próxima à calçada da frente e um rapaz chegou logo cobrando R$ 7 pelo estacionamento. Disse a ele que a via era pública e ele veio me falar que era melhor pagar que acontecer alguma coisa com o carro", narra, afirmando que, logo após a ameaça, procurou policiais militares e alertou sobre a ameaça sofrida.
Pode chamar a Polícia
Procurado pela reportagem, o comandante do Policiamento da Capital, Coronel F. Solto, lamentou os casos de extorsão praticados pelas pessoas que cobram pela "guarda" dos carros em espaços públicos e confirmou o que já era de se esperar: "se por ventura algum desses flanelinhas intimidar ou extorquir algum proprietário de carro, a vítima pode recorrer à Polícia".
De acordo com ele, nesta época de eventos de rua, como os pré-carnavais, a Polícia Militar reforça o número de PMs nas ruas próximas às festas e, em casos de ameaças sofridas ou mesmo danos causados aos veículos, os policiais devem socorrer as vítimas.
"Em todos estes eventos nós estamos cobrindo por meio do policiamento ostensivo geral", garantiu o coronel, afirmando que equipes do Ronda do Quarteirão, do Raio, do Choque e também da Cavalaria da PM agem para evitar crimes.
Foco no social
Também procurada, a Prefeitura de Fortaleza informou que estuda, dentro do projeto de parquímetros, a possibilidade de aproveitar a mão de obra dos flanelinhas. A ideia, segundo explicou a assessoria de imprensa da Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e Cidadania (AMC), é cadastrar os guardadores de carro de algumas áreas da Capital e, após uma triagem ainda sem critérios definidos, empregar alguns deles.
Outra ação citada pela Prefeitura e que pode reduzir os casos de abuso praticados por alguns flanelinhas diz respeito ao trabalho com a população em situação de rua em Fortaleza.
Mesmo reconhecendo que nem todos os guardadores de carros não possuem residência, a Prefeitura destacou projetos como os desenvolvidos pela Secretaria de Trabalho, Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Setra). Em um, é feito o contato direto com as pessoas em situação de rua e eles são orientados a procurar os centros especializados, que oferecem alimentação e qualificação. O outro projeto é um senso, que atualmente levanta informações sobre atividade produtiva deste público.
Fonte: Diario do Nordeste
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