Dólar comercial vira e fecha cotado a R$ 3,23 com venda de exportadores
Já o dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu 1,59%, a R$ 3,277, maior patamar desde 2003
Após bater R$ 3,28, o dólar comercial virou e encerrou a terça-feira (17) em baixa com exportadores aproveitando o patamar elevado da moeda para vendê-la e embolsar o lucro dos últimos dias.
O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, fechou com queda de 0,46%, cotado a R$ 3,231, após operar em alta a maior parte do pregão. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu 1,59%, a R$ 3,277, no maior patamar desde 2 de abril de 2003. A diferença na cotação se dá pelo horário de fechamento. O dólar à vista fecha antes do comercial.
O desempenho do dólar foi afetado por declarações do ministro Nelson Barbosa (Planejamento), que indicou que a moeda americana deve permanecer em patamares elevados, e também pela expectativa em torno da reunião que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) realizará nesta quarta-feira.
Novo Patamar
Para Tarcisio Joaquim, diretor de câmbio do Banco Paulista, a queda da moeda perto do fim do pregão foi motivada por um movimento de investidores embolsando lucro. "Exportadoras aproveitaram o momento e entrou uma oferta de dólar, o que fez a moeda recuar um pouco", afirma.
Mais cedo, o dólar subiu influenciado por fatores internos, principalmente pelas declarações do ministro Nelson Barbosa, afirma Sidnei Nehme, economista e presidente da NGO Corretora. "A ausência do Banco Central preocupa, pois emite sinais confusos. Todos falam pelo BC: o Joaquim Levy (Fazenda) falou ontem, o Barbosa falou hoje [terça (17)]. O BC precisava demonstrar que está no comando", avalia.
Nesta terça (17), o ministro do Planejamento afirmou que o câmbio não está fora de controle e que o dólar tende a se estabilizar, mas em um patamar mais alto.
O aumento observado durante boa parte do dia também reflete a dificuldade do governo de aprovar suas medidas de ajuste fiscal, após as manifestações deste domingo (15).
Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, "as manifestações podem se traduzir em mais resistência no Congresso", diz.
O governo acena com uma reforma ministerial com o objetivo de atrair para seu lado o PMDB e garantir o apoio do partido às medidas de ajuste.
Na manhã desta terça (17), o Banco Central deu sequência às vendas de contratos de swap cambial (que equivalem a uma venda futura de dólares) que tem sido feitas normalmente, segundo programa de intervenções no mercado já em vigor.
Exterior
Dados ruins de construção nos Estados Unidos também ajudaram a conter a alta da moeda americana em relação a outras divisas no mundo. Das 24 principais moedas emergentes, 14 se valorizaram em relação ao dólar.
Nos EUA, os inícios de construção de moradia despencaram a uma mínima em um ano em fevereiro, provavelmente com o clima severo mantendo construtores em casa, sendo o mais recente indício de que a economia está passando por uma certa fraqueza no primeiro trimestre.
No encontro do BC americano desta quarta (18), a expectativa é que a presidente do Fed, Janet Yellen, mude o tom do discurso e sinalize quando pretende iniciar a elevação da taxa de juros do país.
Um aumento dos juros deixa os títulos americanos -considerados de baixo risco e cuja taxa de remuneração acompanha a oscilação do juro básico- mais atraentes aos investidores internacionais, que preferem aplicar seus dólares lá a levar os recursos para países de maior risco -como emergentes, incluindo o Brasil.
Diante da perspectiva de entrada menor de dólares no Brasil e em outros emergentes, o preço da moeda americana sobe.
"Há um temor com essa alta de juros, pelo aumento da aversão a risco dos países emergentes. A situação de instabilidade política traz aversão aos investidores. E aí não adianta aumentar os juros, pois importa muito mais a credibilidade da macroeconomia do país", avalia Tarcisio Joaquim, do Banco Paulista.
Fonte: Diário do Nordeste
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