quarta-feira, 31 de julho de 2013

Saude

Reduções de estômago estão suspensas há mais de 40 dias


Pacientes afirmam que motivo é a falta de material; unidade diz que programa será reestruturado

Há 48 dias, o Hospital Geral César Cals (HGCC), uma das duas únicas unidades do Estado a realizar cirurgias bariátricas por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), suspendeu os procedimentos de redução do estômago, colocando aproximadamente 14 pacientes já preparados para a operação de volta na lista de espera. De acordo com os pacientes, a instituição alega a ausência de material para executar as intervenção.

O hospital é um dos dois únicos do Estado que realizam o procedimento médico pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Cerca de 14 pessoas que já estavam preparadas para a operação tiveram que voltar para a lista de espera

Conforme Rubem Costa, presidente da Associação de Obesos e Ex-Obesos do Ceará, a última cirurgia bariátrica realizada no HGCC foi no dia 12 de junho. Desde então, o hospital desmarcou as operações agendadas afirmando estar carente dos insumos necessários para efetivar os procedimentos. Por semana, a unidade executa duas cirurgias.

Costa relata, ainda, que essa não é a primeira vez que as cirurgias são paralisadas na unidade. Segundo ele, de novembro do ano passado a fevereiro deste ano, também houve uma interrupção. Com isso, mais de 30 pessoas deixaram de fazer o procedimento. "Isso significa que dezenas de pacientes não conseguiram atingir seu objetivo, que é a redução de estômago. Além dos problemas que o obeso já tem, com as doenças associadas, isso causa grande desestímulo", pontua o presidente da Associação.

A assessoria de comunicação do HGCC informou que o setor de cirurgias bariátricas está passado por uma reestruturação com nova avaliação dos pacientes, e que todas as intervenções foram remarcadas para o mês de agosto, quando as mudanças devem ser concluídas. A instituição destacou que logo após o término do planejamento, as pessoas na fila de espera serão avisadas sobre o dia dos procedimentos.

Entretanto, na visão da Associação de Obesos, a unidade já está sobrecarregada e não comporta mais a grande demanda do Ceará. Rubem Costa explica que existem duas filas, uma para entrar no programa de cirurgia bariátrica do César Cals, e outra para realizar a operação em si. Nesta última, conforme ele, são cerca de 280 cearenses aguardando. Já na primeira, há mais de 2 mil pessoas ansiosas para saber se terão vaga no tratamento. Segundo o presidente da Associação, o tempo total de espera entre as avaliações e consultas iniciais e o procedimento de fato pode levar até cinco anos.

Em todo o Estado, além da instituição, somente o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) atende, atualmente, pacientes do SUS. Lá, a procura também é alta. Segundo Heládio Feitosa, chefe do Programa de Obesidade da unidade, a fila gira em torno de 120 pacientes, o que, conforme ele, permite à instituição manter a previsibilidade dos procedimentos.

Semanalmente, uma cirurgia é realizada. Contudo, o programa também costuma passar por interrupções. "As suspensões que eventualmente ocorrem se devem a algum tipo de carência material. A cirurgia bariátrica exige determinados tipos de material que dependem de licitações. Esses processos podem andar de forma rápida ou de maneira mais lenta", diz Feitosa.

Oferta
Para Rubem Costa, a oferta de operações de redução do estômago pelo SUS já está no limite. "Os hospitais estão estrangulados porque atendem pacientes de todo o Estado, não só de Fortaleza. As equipes médicas são muito boas, mas eles sobrecarregadas. Uma solução a longo prazo para melhorar essa situação seria que abrissem mais serviços de cirurgia no Interior", avalia.

Esse é o plano da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), de acordo com a assessoria de imprensa do órgão. O órgão declarou que já está em andamento o projeto de interiorização dos procedimentos, que passarão a ser ofertados no Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral, e no Hospital Regional do Cariri, em Juazeiro do Norte.

Conforme a assessoria, as duas unidades são as únicas cuja estrutura possibilita realizar as intervenções. No HRN, as equipes já foram treinadas e o mesmo deve acontecer em breve no Cariri. Entretanto, não há previsão de quando os hospitais começarão a oferecer as cirurgias.


VANESSA MADEIRAREPÓRTER

Fonte: Diario do Nordeste

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