quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Binário será implantado até junho

Dessa forma, a Santos Dumont passará a ter mão única no sentido Centro/praia e a Dom Luís o sentido inverso
O anunciado binário - sistema em que há divisão de vias principais, no qual a primeira segue em um sentido e a segunda no sentido contrário - das avenidas Santos Dumont e Dom Luís deverá ser implantado ainda no primeiro semestre deste ano. Foi o que anunciou, ontem, a Prefeitura de Fortaleza, durante o primeiro seminário de discussão sobre a mobilidade urbana da Capital. A ação faz parte da primeira etapa do Plano de Ações Imediatas em Transporte e Trânsito de Fortaleza (PAITT), a ser realizado até dezembro deste ano com consultoria da empresa McKinsey & Company, reconhecida mundialmente na área de mobilidade.

Novo sistema deve funcionar da Rua Tibúrcio Cavalcante à Avenida Engenheiro Santana Júnior. As avenidas Desembargador Moreira e Virgílio Távora são outras vias que também deverão receber binário Foto: Alex Costa
Na primeira fase do plano, que vai até junho, será feito o planejamento e a definição das macroações. Na segunda fase, até dezembro, serão implementadas as iniciativas pensadas coletivamente. No entanto, em função do túnel situado no cruzamento das avenidas Santos Dumont e Engenheiro Santana Júnior, o binário da Santos Dumont e Dom Luís terá prioridade. "Quando o túnel estiver pronto, o que deve ocorrer ainda neste primeiro semestre, já devemos iniciar a implantação do binário", esclarece Luís Alberto Saboia, secretário executivo da Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos, e coordenador do PAITT.

Reorganização

O gestor acrescenta que será proposta uma reorganização do tráfego naquela área com a inversão de vias, melhorias nos estacionamentos e um redesenho do transporte público. Ele adianta, ainda, que com a implantação do binário, a Santos Dumont deverá passar a ser mão única no sentido Centro/praia e a Dom Luis, sentido inverso. A ideia é de que o binário funcione da Rua Tibúrcio Cavalcante à Avenida Engenheiro Santana Júnior.

As avenidas Desembargador Moreira e Virgílio Távora são outras vias que também deverão receber binário. A princípio, a Desembargador Moreira passaria a ter mão única no sentido sertão/praia, enquanto a Virgílio Távora passaria a ter o sentido inverso. "Estamos com equipe em campo apurando o tráfego de cada via para avaliar a melhor forma de pensar o tráfego de Fortaleza", frisa Saboia.

Nadja Dutra, professora do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), afirma que essa organização do espaço é importante, mas ressalta que é preciso pensar o que vai ser feito para resolver o gargalo da Praça Portugal. "A implantação desse binário vai ser feita com ou sem os canteiros centrais? Vai ter faixa exclusiva para ônibus? Para o condutor que quiser fazer conversão, quais vão ser os pontos estratégicos?", indaga.

O coordenador do PAITT explica que como os estudos estão em fase de elaboração, ainda não se sabe como o binário será implantado. "Existem seis cenários sendo estudados. Destes, vamos analisar o que melhor se adequa para a população", salienta. Saboia adianta que o ideal é que ele seja implantado sem o canteiro central, com a remoção dos postes de iluminação pública. O gestor não soube precisar, no entanto, o valor a ser investido. "Só podemos dizer os custos quando soubermos o que vai ser executado", justifica.

Na visão da especialista em engenharia de transportes da UFC, um ponto crucial a ser considerado por qualquer gestor é formar um quadro técnico com profissionais qualificados. "Se vai pensar a cidade, tem que investir nos profissionais que estarão à frente destes projetos. Não é só terceirizar o serviço contratando uma empresa de fora. Mobilidade urbana é um trabalho que tem que ter continuidade, é algo que tem que ser pensado continuamente. O correto seria investir em um quadro técnico com profissionais qualificados dentro da própria Prefeitura. Dessa forma, sempre vão haver canais nos quais esses assuntos serão pensados", alerta.

A especialista é enfática ao afirmar que não existe mágica para resolver a questão da mobilidade e frisa que, enquanto os carros não forem retirados das ruas, o problema persistirá. "Se começar a priorizar o coletivo em detrimento do particular, com certeza as pessoas que hoje utilizam o particular vão ver vantagem em se deslocar com o público pelo fato de levarem menos tempo nos deslocamentos. O próprio usuário vai sentir a necessidade de migrar", conclui.

LUANA LIMAREPÓRTER

Fonte: Diário do Nordeste

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