quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Produção da indústria voltou a cair no País


Em novembro de 2013, o setor registrou desempenho negativo, após três resultados positivos seguidos
Rio A indústria brasileira não sustentou o ritmo de recuperação ensaiado a partir de agosto do ano passado. A produção voltou a recuar em novembro, com queda de 0,2%, após três resultados positivos consecutivos, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado, porém, veio melhor do que o esperado por economistas, que apostavam em uma queda maior.

Na passagem de outubro para novembro, a atividade de veículos automotores registrou perdas de 3,2%, o principal impacto negativo sobre o total nacional FOTO: AGENCIA REUTERS

Na passagem de outubro para novembro, a atividade de veículos automotores registrou perdas de 3,2%, o principal impacto negativo sobre o total nacional. Houve redução na produção de automóveis pelo segundo mês consecutivo, mas novembro trouxe também perdas na fabricação de caminhões, o que ajudou a derrubar o resultado da categoria de bens de capital (-2,6%). No entanto, a informação ainda é pontual e não configura uma tendência, afirmou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.

Ramos
Na comparação com o mês de novembro de 2012, 14 dos 27 ramos tiveram aumento da produção, assim como a taxa geral, que subiu 0,4%. Com a expansão na produção de gasolina automotiva, óleo diesel e outros óleos combustíveis, a atividade com a mais forte influência positiva foi a de refino de petróleo e produção de álcool, com 10,8%.

"Em outubro, a queda era mais (na produção de) automóveis. Em novembro, a queda ficou dividida entre automóveis e caminhões", lembrou Macedo.

Máquinas agrícolas
A retração na produção de bens de capital sofreu influência ainda da diminuição na fabricação de máquinas agrícolas. "É um segmento que teve um ano bastante favorável, não só por causa da supersafra. Também houve exportações importantes, especialmente para a América do Sul. Pode ser (uma queda motivada) por uma base de comparação muito alta", ponderou o gerente do IBGE.

Bens intermediários
Por outro lado, a expansão de 1,2% verificada pela categoria de bens intermediários em novembro sinaliza que é possível esperar novos resultados positivos para a indústria em 2014, avaliou Rogério César de Souza, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). "O ano de 2012 e o primeiro semestre de 2013 foram de ajuste de estoques na indústria. Mas podemos começar 2014 com a expectativa de resultados melhores, embora nada muito robusto", previu Souza. A produção da categoria de bens intermediários cresce há quatro meses consecutivos, de agosto a novembro. Os bens intermediários respondem por cerca de 55% da indústria nacional, e alguns ramos produzem insumos para outras atividades industriais. "Esse aumento de intermediários pode ser os primeiros sinais do efeito do câmbio (desvalorização do real ante o dólar) sobre a produção", explicou o economista do Iedi.

Melhora recente
Macedo, do IBGE, ressalta que a melhora na produção de bens intermediários é recente, puxada, principalmente, pelo setor de refino de petróleo e álcool.

"O setor de refino vem operando com nível da utilização da capacidade instalada bem alto. Pode ser uma estratégia associada com a diminuição de importação de derivados do petróleo", disse Macedo, para quem as refinarias estão operando "seguramente acima de 90%" do uso da capacidade instalada.

Aloísio Campelo, superintendente adjunto de Ciclos Econômicos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), lembra que o ano passado começou com projeções de recuperação mais vigorosa e bom ritmo de atividade industrial. No entanto, a partir do fim do segundo trimestre, a situação deteriorou-se, com piora nas expectativas em relação à economia nacional, levando o segundo semestre para o terreno negativo.

Estoques acumulados
O resultado foi acúmulo de estoques e a consequente parada na produção. Contudo, segundo Campelo, houve um processo de ajuste de estoques na maioria dos segmentos e, agora, apenas a indústria automotiva segue com excessos. "Em 2014, deveremos ter algo entre o desempenho positivo do primeiro semestre de 2013 e o negativo do segundo, mas o crescimento deverá ser fraco", diz Campelo.

Fonte: Diário do Nordeste  

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