Trabalhador do CE tem a 2ª pior renda média
Os jovens apresentaram as maiores taxas de desocupação, com 13,3% no grupo de idade de 16 a 24 anos
O Ceará teve o segundo pior rendimento médio do País no ano passado, de R$ 920, em relação ao trabalho principal das pessoas ocupadas de 16 anos ou mais de idade. O Estado ficou atrás apenas do Piauí, cuja média foi de R$ 819, segundo a "Síntese de Indicadores Sociais", divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As mulheres cearenses ficaram com uma média de rendimento de R$ 827 e os homens com R$ 983. Já os trabalhadores informais do Estado apresentaram renda média de R$ 605, o terceiro pior resultado de todo Brasil. Na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), a média de salário dos ocupados foi de R$ 1.113 - sendo que para os trabalhadores informais foi R$ 800 em 2012, segundo o IBGE.
Desocupação
Em contrapartida, a taxa de desocupados do Ceará é a terceira mais baixa do Nordeste, de 5,6%. Os mais jovens apresentaram as maiores taxas de desocupação, com 13,3% no grupo de idade de 16 a 24 anos.
Na divisão por gênero, as mulheres apresentam a maior taxa de desocupação, de 7,8%, e os homens ficaram com 4,1%. Na RMF, o número de pessoas sem trabalho foi 7,7% - sendo de 16,9% no grupo de 16 a 24 anos.
A proporção de pessoas ocupadas no Ceará, segundo o IBGE, foi de 37,5% em trabalhos formais e 62,5% em informais. O Ceará somou, em 2012, cerca de 3,3 milhões pessoas ocupadas com 16 anos de idade ou mais, atrás apenas da Bahia, no Nordeste, com um total de 6,3 milhões de trabalhadores.
Condições trabalhistas
O economista do Dieese, Ediran Teixeira, ressalta que, no Ceará, há uma política forte de atração de empresas. Porém, destaca, não há preocupação com as condições dos trabalhos ofertados. Ele afirma, também, que os dados apresentados pelo IBGE seguem uma tendência semelhante aos mostrados pela Pesquisa de Emprego e Desemprego.
"A Região Metropolitana de Fortaleza sempre apresenta um bom nível de ocupação, mas a renda do trabalho é baixa, porque os empregos gerados são de baixa qualidade e estão, muitas vezes, ligados à informalidade", diz. Segundo ele, comércio e serviços são os que mais incorporam esses trabalhadores. Apesar do aumento da oferta de empregos no segundo semestre do ano, Ediran diz que foi observada retração no mercado de trabalho cearense em relação a 2012.
"O mercado de trabalho como um todo está se retraindo. Teve o aquecimento ligado a melhora no final do ano, mas, as contratações tem sido muito menores. Reduziu o número de desempregados porque muitas pessoas entraram para a inatividade, que é quando a pessoa desiste de procurar emprego", diz.
Ele explica que isso ocorre porque as pessoas estão menos dispostas a entrar em um mercado de trabalho "cheio de problemas" - com jornadas cada vez mais extensas e remuneração baixa. "Um dado importante a ser apresentado é que o PIB do Ceará é sempre acima do nacional, mas não é acompanhado pelo mercado de trabalho. As riquezas não estão sendo incorporadas e não estão servindo para gerar emprego e melhorar as condições de trabalho", observa.
Programas geram maior dependência, diz IBGE
Rio As famílias mais pobres do País estão mais dependentes dos programas de transferência de renda, que ganharam, em uma década, peso na renda total dos lares que integram a base da pirâmide de rendimentos.
Entre 2002 e 2012, a participação do rendimento de outras fontes (categoria que abrange benefícios de programas sociais como Bolsa-Família e outros) na renda per capita familiar (dividida entre cada membro) registrou um crescimento de 14,3% para 36,3% para o grupo de renda mais baixo, o de até 1/4 de salário mínimo per capita. Já para as famílias com rendimento de 1/4 a 1/2 salário por pessoa, o peso das outras fontes subiu de 6,5% para 12,9% de 2002 a 2012, segundo o estudo Síntese de Indicadores Sociais, divulgado pelo IBGE.
Nos dois grupos, não houve redução na taxa de ocupação dos membros das famílias em idade de trabalhar, que ficou acima da registrada em 2002 para as duas faixas de renda. Ou seja, os benefícios não afastaram a família do mercado de trabalho, segundo o IBGE.
Emprego
"Os dados mostram que não se confirmou o que era uma preocupação de todos, que os programas de transferência de renda desestimulassem a procura por emprego", diz Ana Lucia Saboia, coordenadora da pesquisa.
Fonte: Diário do Nordeste
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