domingo, 16 de novembro de 2014

Apenas 12% dos pais acompanham educação do filho                                                                 

A informação está presente no estudo "Atitudes pela educação", feito pelo Todos Pela Educação


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Na rede pública, conforme apontou o estudo, 52% dos responsáveis declararam ir a todas as reuniões escolares, e na rede privada, 56%. Em 66% dos casos dos que não comparecem, a justificativa é falta de tempo

FOTO: BRUNO GOMES

De que forma você se relaciona com a educação escolar de seus filhos? Conforme a pesquisa "Atitudes pela educação", do Todos Pela Educação, só 12% dos pais se mostraram comprometidos com a educação dos filhos.

É o perfil que geralmente participa das reuniões e eventos escolares com assiduidade, busca informações sobre a escola, monitora de perto a falta das crianças, respeita a opinião dos filhos e gosta dos momentos que passa com a família. A pesquisa aponta ainda que outros 19% foram considerados distantes, 17% intermediários, 27% vinculados e 25% envolvidos com os estudos dos filhos.

A pesquisa, realizada de 28 de junho a 8 de julho deste ano, foi baseada em entrevistas com 2.002 pais e responsáveis. Os alunos possuem entre 4 e 17 anos e pertencem às redes públicas e privadas de ensino. De abrangência nacional, o estudo considerou famílias residentes em áreas urbanas e rurais de todas as regiões brasileiras.

O objetivo foi dimensionar e mapear as atitudes e comportamentos dos responsáveis pelos alunos, assim como as ações que impactam diretamente na relação das crianças e jovens com a escola.

Dos entrevistados, 24% responderam que são filhos de pais e mães sem escolaridade, cerca de 1/3 são filhos de pais e mães com ensino fundamental incompleto e só um em cada dez é filho de pais e mães com ensino médio completo ou superior. Em 36% dos casos, a família é beneficiária do Bolsa Família.

Para se manter informado sobre o tema educação, 48% utilizam a própria escola e 75% outros meios, com destaque para televisão e internet. Na rede pública, 52% dos responsáveis declararam ir a todas as reuniões escolares, e na rede privada, 56%. Em 66% dos casos dos que não comparecem, a justificativa é falta de tempo.

Acompanhamento

A dona de casa Francisca Sousa Silva, 31, tem dois filhos em uma escola na rede pública de ensino e conta que todos os dias vai deixar e buscar os dois na escola. Eles também fazem reforço escolar. "Para aumentar o desenvolvimento deles", esclarece. O mais velho gosta de ler, já o mais novo, que é especial, tem um ritmo um pouco mais lento.

"Considero que acompanho bem o estudo deles, venho para todas as reuniões, até avisei que o que elas (professoras) precisarem, eu venho", reforça. A dona de casa, que não teve oportunidade de concluir o ensino médio, almeja para os filhos um futuro melhor. "Eu quero que eles sejam alguém na vida, que tenham uma boa profissão", diz.

Jacqueline Oriá de Castro, professora do Ensino Infantil V da Escola Municipal Mozart Pinto, no bairro Jardim América, diz que a principal dificuldade que as crianças possuem é de raciocínio lógico e interpretação de texto. Para incentivá-las, as salas são equipadas com livrinhos e, todos os dias, os alunos têm um momento de deleite, com leitura.

Mas, ainda assim, as crianças apresentam dificuldade de compreensão textual, sobretudo as maiores. "Os pais não explicam, não há diálogo com os filhos. Em casa, a criança não é estimulada a pensar", lamenta.

Andréia Freitas, diretora da Escola Mozart Pinto, reforça que não é possível desenvolver o trabalho educacional só com um dos lados. Ela acrescenta que, para alguns pais, a escola é o lugar onde podem deixar os filhos enquanto trabalham. "Escola não é babá de crianças.

Os pais precisam compreender que o papel da instituição não é o de tomar conta dos seus filhos. O trabalho que desenvolvemos aqui é um ato profissional, tem toda uma sistematização, uma fundamentação teórica por trás", diz.

Projetos fortalecem relação da comunidade escolar

Para estimular e fortalecer a relação entre pais e alunos, e também entre a comunidade e a escola, alguns projetos vêm sendo desenvolvidos pelas secretariais municipal e estadual de Educação. Um deles é o Professor Diretor de Turma, desenvolvido pela Secretaria Estadual da Educação (Seduc) com adesão de 92% das escolas. Em sua estrutura, o projeto trabalha as várias dimensões psicossociais dos alunos, educando a razão e a emoção.

Tânia Sampaio, coordenadora estadual do projeto, destaca que as ações vão desde aulas em formação cidadã às interações com alunos e pais. "A ação tem propiciado a aproximação entre pais e filhos ao tratar de temáticas de interesse mútuo.

A estratégia do Projeto Professor Diretor de Turma é manter um professor da unidade de ensino como diretor de uma turma acompanhando todo o desempenho acadêmico e pessoal desses alunos até o final de sua escolarização, identificando vulnerabilidades, fazendo intervenções e construindo as pontes necessárias à conclusão de seu projeto de vida", frisa.

Fomento

Geraldo Magela, gerente da célula de Incentivo e Acompanhamento ao Controle Social da Secretaria Municipal de Educação (SME), comenta que a primeira decisão que a gestão tomou, no início do ano passado, foi criar dentro do organograma da secretaria uma célula responsável por fomentar essa relação entre pais e alunos, a qual coordena.

"Nós entendemos que não dava para deixar essa questão muito importante só sob responsabilidade da escola. A secretaria tinha que assumir essa realidade no que tange ao apoio", afirma.

Com a função de incentivar a participação do usuário do sistema educacional, várias ações foram pensadas. Entre elas, o Família na Escola, implantado no início deste ano, em parceria com a Secretaria Municipal do Trabalho, Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Setra).

O projeto visa ocupar os espaços da escola em horários não letivos, à noite e nos fins de semana, com atividades voltadas não só para os pais, mas também à comunidade, através da realização de cursos, com serviços de assistência, como aferição de pressão arterial, glicemia, criação de hortas comunitárias. "A ideia é abrir a escola nos horários não letivos, para que a comunidade possa utilizá-la, já que trata-se de um espaço dela".

Luana Lima
Repórter

Fonte: Diário do Nordeste

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