quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Esplanada começa a ser demolido                                                                 

População opta por método mecânico de destruição que deve levar, no mínimo, oito meses


esplanada
De acordo com a Construtora Idibra, os moradores do entorno têm até 60 dias para mudarem de ideia e solicitarem a implosão da estrutura. Depois disso, o método de demolição não poderá ser alterado
Foto: José Leomar
        
Anunciada no início deste mês em Fortaleza, a demolição do Hotel Esplanada, na Avenida Beira-Mar, enfim, teve início ontem. Inicialmente, o prédio de 18 andares, desativado há mais de uma década na Capital, estava previsto para ser implodido no próximo dia 30.

No entanto, após o impasse entre os proprietários do imóvel e os moradores do entorno, que demonstraram preocupação com os impactos da queda do edifício, a implosão foi cancelada e substituída por um procedimento mecânico, o qual deverá durar aproximadamente oito meses.

Na semana passada, em reunião promovida pela Secretaria Regional II, representantes da Incorporadora e Construtora M. Dias Branco (Idibra), empresa responsável pela operação, informaram que caberia à população da área decidir o método para derrubar o prédio. Temerosos com possíveis riscos da implosão para a estrutura física dos imóveis, parte dos residentes, em especial os do Edifício Dom Pedro I, localizado ao lado do Hotel, optou pela demolição mecânica, que está em andamento.

Geraldo Magela, diretor técnico da Idibra, lamentou a decisão. Segundo ele, a implosão é um método seguro e não traria impactos negativos para o entorno. A demolição mecânica, ele explica, acarretará mais transtornos. "O nível de prejuízo é muito maior, com a poeira, o barulho das máquinas. E isso vai se prolongar por pelo menos oito meses. Mas, democraticamente, a empresa decidiu acatar o que eles quiseram", afirmou.

Conforme o diretor, caso mude de ideia sobre o procedimento, a população terá até 60 dias para se manifestar. Magela afirma que, durante esse período, ainda é possível desistir da demolição e retomar os planos de implodir o prédio. Depois disso, os moradores não poderão voltar atrás. "Provavelmente, a demolição já estará em um estágio mais avançado e não poderemos desistir. Até porque a implosão é um método mais caro", explica.

Para muitos moradores, a definição veio como alívio. A professora Sílvia Moraes, que vive no Edifício Dom Pedro, era contra a implosão. Segundo ela, embora tenham sido informados de que não haveria danos, os condôminos foram resistentes ao método. "Nosso prédio tem uns 40 anos, é muito antigo e próximo do hotel. Nos amedrontamos não só com o impacto de imediato, mas também com o que poderia acontecer, como rachaduras e outros problemas que comprometessem a estrutura. O risco não era zero", afirma.

Outros, no entanto, criticaram a decisão. Giovani Pimentel, administrador do Edifício Anhuska, estabelecimento comercial também situado ao lado do Hotel Esplanada, na Av. Historiador Raimundo Girão, ressalta que a demolição irá demorar meses, enquanto a implosão teria sido rápida e sem muitos transtornos. "Se iam tomar todas as precauções e se tinha chancela do poder público, acho que não deveria ter problema. Uma coisa que poderia levar um dia ou dois, vai tomar muito mais tempo, com barulho e poeira todo dia", alega o administrador.

A implosão do Hotel Esplanada, adquirido pelo Grupo M. Dias Branco neste ano, foi anunciada com exclusividade pelo Diário do Nordeste no início deste mês. Moradores da região receberam carta da empresa informando sobre a decisão e solicitando uma vistoria técnica para avaliar os imóveis do entorno.

Acompanhamento

O Ministério Público Federal do Ceará (MPF-CE) instaurou procedimento administrativo para acompanhar e a avaliar a demolição. O responsável pela medida é o procurador da República Marcelo Mesquita Monte. Conforme a assessoria de comunicação do MPF, o procedimento foi aberto a partir de um ofício da Promotoria de Meio Ambiente e Planejamento Urbano do Ministério Público Estadual do Ceará.

O órgão federal deverá monitorar o processo de derrubada. Se necessário, serão tomadas providências para resguardar o interesse dos moradores.

Fique por dentro

Ainda não há projetos para o prédio

O Hotel Esplanada, inaugurado em 1978, já foi o mais alto da Praia de Iracema. Possui 18 andares e 230 apartamentos. Em 2004, o Grupo Otoch vendeu o edifício ao grupo português Dorisol Hotels, que pagou R$ 52 milhões, emprestados do Banco do Nordeste (BNB), pelo negócio. A ideia era instalar um novo hotel. Contudo, o empréstimo não foi pago e o BNB hipotecou o empreendimento.
Em junho deste ano, o empresário Ivens Dias Branco comprou o prédio para torná-lo residencial, mas, segundo Geraldo Magela, da Idibra, ainda não há projetos para o Esplanada.

Vanessa Madeira
Repórter

Fonte: Diário do Nordeste

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