terça-feira, 18 de novembro de 2014

Fim de um ano que não terminará

                                                                                                                                       

Ainda tentando superar "inferno" vivido no Mundial, Seleção encara a Áustria em última apresentação de 2014


neymar
Neymar, maior estrela da Seleção, tem a tarefa de conduzir uma equipe que após o Mundial apenas venceu e ainda não sofreu gols. Segundo o técnico Dunga, seus jogadores têm mostrado grande vontade de superar a "mancha" da Copa
foto: Reuters
        
O Brasil entra em campo nesta terça para o seu último amistoso de 2014, ano que vai terminar permeado por fortes emoções, grandes esperanças e o maior vexame de todos os tempos da Seleção. Se o resultado na Copa do Mundo jamais será apagado, o time que enfrenta a Áustria, no estádio Ernst-Happel, em Viena, a partir das 15 horas (cearense), atravessa atualmente um processo de reconstrução interna em sua longa busca para voltar a ter respeito internacional.

Mas o grupo já descobriu que só somar vitórias em amistosos não cicatrizará as feridas. "Ainda tentamos sair do inferno. Voltamos ao purgatório", disse José Maria Marin, presidente da CBF, em uma referência à frase que disse antes da Copa do Mundo alertando que, no caso de uma derrota, todos iriam ao inferno.

Neste clima, o técnico Dunga deixa claro que só um resultado interessa hoje: a vitória. A estratégia é vencer todas as partidas que disputar para voltar a dar confiança aos jogadores, reconquistar a torcida e até a credibilidade de patrocinadores.

Sob o comando do treinador, foram cinco jogos, cinco vitórias, 12 gols marcados e nenhum sofrido. Para garantir 100% de aproveitamento, o time que entra em campo é o mesmo da goleada por 4 a 0 sobre a Turquia, na semana passada. "Quanto mais confiança um jogador tem, mais ele vai render", justificou o treinador.

Marin também defende uma "renovação paulatina", para não queimar os mais jovens.
O trabalho de reconstrução do time cinco vezes campeão mundial passa por um novo comportamento dentro de campo e no vestiário.

Nos últimos dias, em Viena, Dunga promoveu uma reviravolta no ritmo dos treinos, o que chegou a deixar os mais experientes sem fôlego. Adotou um sistema de treinos acelerados, com inovações: o uso de mais de dois goleiros, configurações variadas de campo e sempre com a meta de conseguir um time compacto, rápido e em que todos marquem.

"Esse é o futebol moderno", afirmou. "Temos de treinar como se fosse um jogo, no mesmo ritmo e pressão". Ele diz que a vontade dos jogadores de superar a mancha da Copa é tão grande que é obrigado a retirá-los do campo de treinamento. Outra marca dessa nova fase é a decisão de Dunga de alertar a todos que não existe vaga garantida. "As opções são muitas".

Cicatrizes

Apesar das vitórias e do discurso dos jogadores de que o grupo é unido, Dunga internamente enfrenta sérios desafios como o protagonizado por Thiago Silva. O ex-capitão atacou a falta de diálogo com ele após perder a braçadeira e o lugar no time. Também mandou alertas de que a renovação não pode significar um abandono dos "mais experientes".

Dunga respondeu e deixou claro que quer respeito pela hierarquia Ou seja, não é o jogador que se convoca. "Estamos fazendo uma renovação".

Para Dante, na Copa, faltou preparo mental

Já se passaram mais de quatro meses, mas a goleada sofrida pela Seleção diante da Alemanha, na semifinal da Copa, por 7 a 1, ainda dói nos jogadores e torcedores, e talvez doa para sempre. O zagueiro Dante deu sua opinião ao site da Fifa, em entrevista publicada ontem, e garantiu que o massacre foi resultado do despreparo psicológico do time de Luiz Felipe Scolari.

"Para mim, o que aconteceu foi que, psicologicamente, não nos preparamos de forma adequada para a Copa do Mundo. Tínhamos que nos colocar na posição de favoritos e incorporar a necessidade de vencer, mas respeitando o esporte e o que ele tem de imprevisível.

Quando vimos que tomamos o segundo e o terceiro gols, simplesmente não aceitamos o fato. Não raciocinamos. Não pensamos que era preciso encarar a situação e ser mais inteligentes. Em vez disso, nossa reação era de: 'Isso não é possível. Não pode acontecer. Nós temos obrigação de ganhar a Copa. Vamos para a frente'. E, então, isso virou um choque, que ocasionou o 7 a 1", disse.

Adversidades

Dante explicou que a Seleção não estava pronta para lidar com situações adversas. "O placar não reflete a diferença de qualidade entre os dois times, mas sim a forma como, psicologicamente, nos colocamos naquele Mundial.

Por causa da pressão, não estávamos preparados para adversidades. Desde a Copa das Confederações, em todos os jogos - com exceção da estreia da Copa, contra a Croácia - saímos na frente no placar e quase sempre cedo. Estávamos preparados para sermos campeões, mas não para adversidades".

Fonte: Diário do Nordeste

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