quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Consumidor reage ao reajuste da gasolina               

Além do peso maior no bolso, consumidores temem pelo aumento dos preços em cascata, ampliando a inflação


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Em vários postos da Capital, os preços do litro da gasolina estão alinhados em torno de R$ 2,99

Foto: bruno gomes

A sinalização positiva do governo para que a Petrobras reajuste os preços dos combustíveis já começou a repercutir nas bombas de muitos postos de Fortaleza, antes mesmo de a estatal definir o percentual de alta que pretende imprimir.

Em vários estabelecimentos da área leste da Capital cearense, os preços do litro da gasolina comum, do etanol e do óleo diesel S-10 estão alinhados em torno de R$ 2,99; R$ 2,49 e R$ 2,59, respectivamente, gerando contestações e críticas do consumidor final - a quem caberá arcar com os ônus do novo aumento pré-anunciado.

Em uma amostra de 14 postos de combustíveis pesquisados pelo Diário do Nordeste, na tarde de ontem, onze apresentaram preços alinhados nos patamares citados acima, dois na Avenida Barão de Studart cobravam R$ 2,94 e R$ 2,97, pelo litro da gasolina tipo C, e um estabelecimento na Avenida Antônio Sales cobrava R$ 3,079, pelo mesmo produto.

"Além do preço já está alto, o que me espanta é o alinhamento de preços dos postos, independentemente da estrutura e dos serviços que oferecem, o que alimenta a ideia de cartelização", alertou o consultor empresarial Robério Moreira.

Monopólio

Ele fazia uma referência aos postos situados nas avenidas Barão de Studart e Pontes Vieira, onde, quase todos, cobravam ontem, R$ 2,99, por um litro de gasolina comum e R$ 2,59 pelo litro do óleo diesel. "O pior é que não temos o que fazer. Com o monopólio da Petrobras, só nos resta pagar", acrescentou Moreira.

Reação crítica semelhante teve o vendedor de equipamentos escolares, Manoel Pinheiro. Para ele, o reajuste preconizado pelo Ministério da Fazenda "é mais um presente do novo governo para a população".

Inflação

Segundo Pinheiro, o reajuste vem na contramão do mercado, justamente no momento em que os preços do petróleo estão baixando no cenário internacional e a inflação sobe. "Um aumento de 5% agora, vai elevar muito meus custos. Rodo 12 mil quilômetros por mês. Vou ter que repassar para os preços e isso vai gerar mais inflação", revela.

Analistas econômicos corroboram com o sentimento do consumidor e afirmam que não há espaço para um aumento ainda este ano, sem que a meta inflacionária seja comprometida. O economista Pedro Ramos, do Banco Sicredi, prevê uma inflação de 6,6%, em 2014, se for aplicado um reajuste de 4% nos combustíveis. Já a LCA trabalha com uma alta média de 5%, mas também calcula uma elevação do IPCA para 6,6%.

O assessor técnico do Sindispostos-CE, Antônio José Costa, também criticou a postura do governo. Segundo ele, "uma hora o governo afirma uma coisa, depois diz que será um reajuste simbólico. Aumento de combustíveis não é bom para ninguém, nem para o dono de posto".

ENQUETE

O que fazer se os combustíveis aumentarem?
"Somente uma reforma tributária que desonere a carga de impostos sobre os combustíveis poderia aliviar a situação. A pesada carga tributária é o maior problema de todos os preços. A inflação vai aumentar".

Jusverri Sales
Estudante universitário

"Rodo cerca de 120 quilômetros, por dia, o que me custa entre R$ 40 e R$ 50, diários, somente com gasolina. Vou transformar meu carro para gás natural. Se assim já está difícil, imagine com novo aumento"

Franklin Rodrigues
Fretista

Carlos Eugênio
Repórter

Fonte: Diário do Nordeste

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