Laboratórios influenciam as receitas
Para Padilha, os médicos brasileiros prescrevem remédios caros que não têm nas farmácias populares
Ex-ministro Alexandre Padilha ressalta a importância do Programa Mais Médicos na melhoria do atendimento aos pacientes
FOTO: KLÉBER A. GONÇALVES
"Nós temos que reestruturar completamente o Sistema Único de Saúde do nosso País. O primeiro passo e mais corajoso para essa reestruturação foi o programa Mais Médicos, porque ele tocou naquilo que é essencial num bom serviço de saúde, que é você ter bons profissionais comprometidos com as pessoas que mais precisam. Agora, nós temos que dar os outros passos", pontuou.
Para garantir esses avanços, Alexandre Padilha destacou ser preciso debater as melhores formas de se ampliar o volume de recurso alocados para a saúde. "Como disse o governador Camilo Santana, nós temos que debater seriamente como vamos financiar a saúde no nosso País.
Temos que discutir quais são as fontes possíveis. Quem vai construir as soluções são os deputados, senadores e os próprios governos. Agora, sem mais recursos, não é possível oferecer a Saúde de qualidade que nós precisamos, que nós merecemos e que o povo exige", ressaltou.
Questionado se o retorno da CPMF, defendido pelo governador eleito Camilo Santana, é a melhor alternativa para a ampliação desses recursos, Alexandre Padilha disse não saber, mas revelou que a reforma tributária tem um papel importante na tentativa de aumentar as verbas destinadas para a Saúde.
Medicamentos
Alexandre Padilha também mencionou a necessidade de assegurar à população o acesso a medicamentos mais baratos e frisou que a criação da Farmácia Popular cumpriu um papel importante para esse objetivo.
"A gente avançou com o Farmácia Popular, colocando remédio de graça para hipertensão, asma. Para se ter ideia, tinha 1 milhão de usuários quando começou a minha gestão no Ministério, em 2011. Hoje já são 20 milhões de usuários que pegam de graça esses medicamentos", citou o petista.
O ex-ministro Alexandre Padilha lamentou, porém, que muitos profissionais médicos e farmacêuticos no Brasil ainda são influenciados por grandes indústrias, prescrevendo medicamentos mais caros e não encontrados na Farmácia Popular.
"O medicamento da Farmácia Popular é o medicamento recomendado pela Sociedade de Especialidades Médicas. A gente precisa é combater uma coisa que existe no processo de formação dos profissionais de saúde e no dia a dia do mercado de trabalho, que é a indústria farmacêutica fazer propaganda direta do seu medicamento como se fosse o melhor, induzindo a prescrição do profissional médico ou a prescrição do farmacêutico", avaliou.
Padilha também defendeu que o Brasil precisa ampliar a capacidade de produção de medicamentos para conseguir barateá-los e facilitar o acesso da população. Eu fiz uma parceria com o governo de Israel, com a indústria farmacêutica de Israel, a Fiocruz no Ceará, para que a gente produza novos medicamentos para o tratamento do câncer. Ou seja, a gente precisa dotar o Brasil da capacidade de produzir mais medicamentos para que possamos oferecê-los mais baratos para a população", explicou o ex-ministro.
Alexandre Padilha ainda estabeleceu comparações com outros países para reforçar a tese de que ainda se investe pouco em Saúde. "O Brasil hoje investe três vezes menos em Saúde por pessoa do que investe a Argentina e o Chile. Sete a oito vezes menos do que investe Portugal, Espanha. Chega a ser 11 vezes menos do que investe Inglaterra. Então, sem mais recursos não será possível conquistar a saúde que nós precisamos", disse.
Fonte: Diário do Nordeste
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