quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

28 mi vivem com usuário de drogas

São Paulo Pelo menos 28 milhões de pessoas vivem no Brasil com um dependente químico, mostra o Levantamento Nacional de Famílias de Dependentes Químicos, divulgado ontem pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A pesquisa inédita mostra o impacto que a convivência com um parente usuário de drogas provoca na experiência cotidiana das famílias.


Dependentes, com apoio financeiro da família, fazem tratamento em centros terapêuticos Foto: Waleska Santiago

Entre os parentes entrevistados, as mulheres são a grande maioria (80%), sendo que 46% delas são as mães dos dependentes químicos. Mais da metade delas (66%) são responsáveis pelo tratamento. Essas mães também são consideradas chefes da família, fazendo com que, além da sobrecarga de cuidar do filho usuário de drogas, cuidem dos outros membros da casa.

O levantamento revela ainda que mais da metade (57,6%) das famílias têm outro parente usuário de drogas. Os entrevistados, no entanto, avaliam que as más companhias (46,8%) e a autoestima baixa (26,1%) foram os fatores de risco mais relevantes que levaram ao uso. O tempo médio para a busca de ajuda após o conhecimento do uso de álcool e/ou outras drogas é três anos. Entre os que usam cocaína e crack, o tempo é menor, dois anos. E sobe para 7,3 anos, quando considerados apenas os dependentes de álcool.

Mais de um terço dos parentes (44%) disse que descobriu o uso dessas substâncias por causa da mudança de comportamento. Apenas 15% relataram que a descoberta ocorreu por ter visto o paciente fazendo uso dessas substâncias fora de casa.

O impacto nas finanças é bem relevante. O estudo detectou que em 58% dos casos o tratamento foi pago exclusivamente pela família. Cerca de 45% apontaram que o pagamento do tratamento afetou drasticamente o orçamento familiar. A empresária Regina Camarneiro, de 55 anos, conhece bem essa realidade. Há quase oito anos, ela convive com o vício do filho que usa cocaína desde os 27 anos. "A família fica abalada, o casamento acaba, não por conta disso, mas porque tudo se desestrutura", relatou. O levantamento foi feito com 3.142 famílias. As entrevistas foram feitas entre junho de 2012 e julho de 2013, abrangendo todas as regiões.

As instituições investigadas foram as comunidades terapêuticas, clínicas de internação e grupos de mútua ajuda.

Fonte: Diário do Nordeste

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