terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Dilma Rousseff fará discurso em adeus a Mandela

Também discursarão os presidentes dos Estados Unidos, de Cuba, da Namíbia e da Índia, além do vice chinês
Johannesburgo. A presidente da República Dilma Rousseff fará um discurso hoje, durante cerimônia ecumênica em homenagem a Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul, falecido na última quinta-feira (5). O tributo ao primeiro presidente negro da África do Sul e líder da luta contra a segregação racial no país será no estádio de Soweto, em Johanesburgo, a partir das 11h, horário local.

A presidente do Brasil e os ex-presidentes José Sarney, Lula, Fernando Henrique Cardoso e Color de Mello seguiram para África do Sul, onde acompanharão a cerimônia de despedida ao ex-líder daquele país Foto: presidência da república
Além de Dilma, discursarão os presidentes dos EUA, Barack Obama, de Cuba, Raúl Castro, da Namíbia, Hifikepunye Pohamba, e da Índia, Pranab Mukherjee, além do vice-presidente chinês, Li Yuanchao. A presidente brasileira será, assim, a única representante da América do Sul a se pronunciar publicamente durante a cerimônia.

Homenagens de parentes de Mandela e do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon também estão programadas para o culto religioso, que deve durar quatro horas. O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, chefe do governamental Congresso Nacional Africano (CNA), que já foi liderado por Mandela, protagonizará um dos principais discursos do evento.

Com cinco horas a mais que o Brasil, a cerimônia começará às 6h, (fuso horário de Fortaleza). O ato no Soccer City, que deve contar com cerca de 90 mil pessoas, inaugurará cinco dias de homenagens a Mandela, até seu funeral, que ocorrerá no domingo (15). Pelo menos 90 chefes de Estado ou de Governo atuais, alguns ex-líderes, cabeças coroadas, líderes religiosos e artistas confirmaram sua presença na África do Sul.

Após a celebração de hoje, o corpo de Mandela será velado durante três dias nos Edifícios da União, em Pretória, onde ele tomou posse como presidente, em 1994. O enterro será no dia 15, em Qunu, aldeia do seu clã, na província do Cabo Oriental. Esse evento terá um caráter mais familiar, com a presença de poucos líderes mundiais.

Dilma embarcou, na tarde de ontem rumo à África do Sul, acompanhada dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor de Mello e José Sarney. Pouco antes da viagem, a presidente escreveu em sua conta no microblog Twitter que "é uma honra reunir todos os ex-presidentes em um objetivo comum". "O Estado brasileiro se une para honrar Mandela, exemplo que guiará todos aqueles que lutam pela justiça social e pela paz". A presidente disse ainda que a atividade conjunta é uma demonstração de que "as eventuais divergências no dia a dia não contaminam as posições do Estado".

Fato inédito

Esta será a primeira vez que os cinco se reúnem para um evento internacional. Eles se encontraram pela última vez na posse dos integrantes da Comissão da Verdade, em maio de 2012, em Brasília. Em novembro, Dilma já os havia convidado para receber o corpo do ex-presidente João Goulart, em Brasília, onde os restos mortais de Jango foram periciados. Na ocasião, apenas Fernando Henrique não participou porque se recuperava de uma diverticulite.

Em 2005, foi a vez de Fernando Collor não ir ao funeral do papa João Paulo II. Na ocasião, FHC, Itamar Franco e Sarney acompanharam Lula.

Sul-africanos fazem vigília nas ruas
Johanesburgo Enquanto o governo da África do Sul trata dos últimos preparativos para a cerimônia oficial em homenagem a Nelson Mandela, que será realizada hoje no estádio de futebol Soccer City, em Johanesburgo, a população sul-africana ainda está nas ruas para homenagear o homem que mais bem representou o espírito de liberdade de seu povo.

Em frente à casa de Mandela, no bairro de Houghton, centenas de pessoas se revezam para cantar, dançar e comemorar o legado deixado por quem carinhosamente chama de Tata (papai) Madiba. É dessa forma que a família de Elizabeth Mokoena, 57 anos, tem preferido passar os últimos dias desde que soube da morte do líder sul-africano.

Elizabeth trabalha em uma organização que cuida de crianças abusadas fisicamente. Ela conhece bem a história de cada um dos 50 garotos e garotas que passam pela instituição todos os meses. "Na época do Apartheid, eu perdi as contas de quantas vezes fui agredida e estuprada por homens que nunca tinha visto na vida, apenas pelo fato de eu ser uma menina negra", conta sem nenhum tipo de mágoa.

"Mandela nos ensinou a perdoar. Esse é o seu maior presente ao povo da África do Sul e do mundo", definiu.

Gigante da justiça

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, definiu ontem o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela como um "gigante da justiça", que conseguiu derrotar o regime racista do apartheid com "humildade e decência". Ban fez essa declaração na Fundação Nelson Mandela, em Johanesburgo, onde participará hoje de uma cerimônia religiosa em memória do herói sul-africano.

Presença familiar

Uma das filhas de Nelson Mandela, Makaziwe, destacou que "até o último momento ele teve a nós, sabe? Os filhos estavam ali, os netos estavam ali, Graça (sua esposa) estava ali, estivemos a seu ao redor todo o tempo e inclusive no último momento", disse.

FIQUE POR DENTRO

Dor de cabeça antes das homenagens
A presença de cerca de 90 chefes de Estado, além de incontáveis outras celebridades e VIPs na despedida a Nelson Mandela virou um pesadelo para autoridades sul-africanas. A cerimônia de adeus ao líder da luta contra o apartheid será no estádio FNB, em Johannesburgo, onde ocorreu a final da Copa do Mundo de 2010. A capacidade, de 90 mil pessoas, deve se esgotar rapidamente. Os portões serão abertos às 6h, e a entrada será por ordem de chegada. De acordo com as autoridades locais, o policiamento será reforçado para evitar tumulto. O perímetro todo do estádio estará fechado, e apenas transporte público será autorizado. Segundo os organizadores do funeral, entre as celebridades, há a expectativa de presença do roqueiro Bono e da apresentadora de televisão norte-americana Oprah Winfrey.

Fonte: Diário do Nordeste

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