60% dos vendedores vêm de fora da Capital
Característica agrava a aceitação desses comerciantes pelos lojistas instalados em Fortaleza
Alvo das reclamações da Igreja por "desordenarem o entorno da Catedral", os feirantes da Rua José Avelino ainda apresentam mais uma característica que agrava a não aceitação deles pelos lojistas de Fortaleza. Uma investigação da Secretaria Executiva Regional (SER) do Centro indica que 60% dos comerciantes da feira não têm seus negócios - sejam eles formais ou não - fixados em Fortaleza.
Região próxima da Rua José Avelino e da Igreja Metropolitana de Fortaleza é disputada por vendedores vindos de fora da cidade e, por conta do movimento da feira, atrai até os lojistas já firmados em outras ruas do comércio
"O grande problema é a concorrência desleal com a Rua Monsenhor Tabosa, por exemplo, pois não é recolhido nenhum tributo oficial dos mesmos e eles sequer empregam pessoas formalmente", aponta o presidente do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas), Cid Alves. Nessa perspectiva encarada pelo líder classista, os 60% dos comerciantes da José Avelino que vêm de fora não chega a movimentar nem uma renda informal na cidade com a produção das peças, como Anderson dos Santos, 26.
Toda quarta para quinta e sábado para domingo, quando funciona a feira da madrugada, ele sai de Aquiraz com cerca de 250 pacotes de cuecas, calcinhas e calçolas para o Feirão do Viaduto - de frente pro Mercado Central. Lá, ele vende para paraenses, piauienses, norte-rio-grandenses e até para africanas de Cabo Verde.
E, lógico, não é só ele que faz isso. A moda íntima vendida por Rafaela Ângelo, 27, também tem origem na mesma cidade do colega feirante. Ela é responsável por vender as peças fabricadas nas confecções do irmão, em Aquiraz. "Toda noite, ele traz, a gente monta a banca e eu fico aqui até de manhã vendendo", conta depois de 8h de trabalho.
Lojistas visam ao entorno
Outra característica identificada pela SER do Centro e que mostra o potencial da feira da José Avelino é o interesse dos lojistas, os formalizados, de irem para o entorno daquela rua, contrariando o posicionamento de alguns líderes classistas da cidade.
"Não há área mais disputada no Centro que aquela parte dos arredores da Catedral e Mercado Central. Esse canto é vivo, tem força econômica", atesta o secretário Regis Dias.
Este comportamento reforça o caráter nato de polo de confecções do bairro e alia lojistas e camelôs na busca por um público que tem identificado isso.
No entanto, existem os problemas em relação a impostos e à geração de postos de trabalho com carteira assinada que motivam desentendimentos.
Menos impostos
"Quer uma forma para acabar com o problema? É baixar os impostos. Nós, formalizados, pagamos 9,25% de PIS e Cofins e ainda tem essa agora do IPTU. O que precisamos é reduzir o ICMS. Minha proposta, inclusive, é de 2% a alíquota de ICMS para o setor de confecção. Assim todo mundo paga e evita a sonegação", afirma Cid Alves.
De acordo com ele, a ideia de reduzir os impostos estimula os que estão na informalidade a legalizar o trabalho visto os benefícios ofertados aos empresários sob a lei, principalmente financiamentos. (AOL).
Fonte: Diário do Nordeste
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