sábado, 5 de outubro de 2013

Longe de ser brincadeira, mercado infantil chega a movimentar R$ 50 bi

Cadeia produtiva tem nas crianças um dos nichos de maior ascendência nos negócios brasileiros

Faz tempo que o mercado infantil deixou de ser brincadeira no Brasil. De pequenas, as crianças hoje só têm mesmo a estatura. Com a expansão do acesso à informação, principalmente por meio da internet, a garotada está mais antenada e passou a escolher não só brinquedos e diversões, mas também o que vestir, calçar e até o que comer, influenciando diretamente o consumo das famílias. Sem falar no interesse por equipamentos tecnológicos, que começa cada vez mais cedo. Essa mudança de perfil associada ao aumento do poder aquisitivo dos pais faz girar a economia local e nacional com cifras mais expressivas a cada ano.

Levantamento realizado esse ano pela Universidade de São Paulo (USP) indica que o segmento movimenta cerca de R$ 50 bilhões por ano, apresentando um crescimento médio anual em torno de 14%. Considerando apenas o mercado brasileiro de brinquedos, dados da divulgados no último mês de março pela consultoria GFK mostram que o setor registrou aumento de 15,6% no faturamento de 2012 em relação ao ano anterior.

Conforme a empresa de origem alemã, que realiza estudos de mercado, o incremento do Brasil no segmento de brinquedos é impulsionado pelo tamanho da população infantil no Brasil, que soma 46 milhões de indivíduos entre 0 e 14 anos.

Em relação à moda, a participação dos pequenos consumidores também é destaque. O setor de calçados e roupas infantis, por exemplo, faturou em 2012 cerca de R$ 24 bilhões. E de acordo com a Associação Brasileira de Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), as perspectivas continuam positivas para esse nicho de mercado nos próximos 15 anos. "Apesar de o Brasil ter reduzido sua taxa de natalidade e da tendência de envelhecimento da nossa população, esse é ainda um mercado fortíssimo, que tende a prosperar nos próximos 10 a 15 anos", afirma Fernando Pimentel, diretor superintendente da Abit.

Roupas
De acordo com o líder da entidade, o consumo interno de roupas infantis e de bebês no mercado brasileiro chegou a 1,6 bilhão de peças em 2012, sendo que entre 5% a 7% do que foi consumido veio do exterior.

No contexto do mercado global de vestuário do País, o segmento infantil representa 15%, com faturamento girando em torno de US$ 9,1 bilhões do total de US$ 60 bilhões movimentados pela indústria de vestuário no ano passado.

"O mercado de moda infantil e bebê no Brasil conta com sete mil indústrias especializadas no País, sendo responsável por 361 mil empregos diretos. No ano passado, as exportações desse setor somaram US$ 25 milhões, enquanto as importações somaram os US$ 220,2 milhões", observa Pimentel.

Calçados

O segmento infantil também vem se destacando no setor calçadista, crescendo acima dos índices da produção total de calçados. Dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) revelam que enquanto a produção global de calçados do País cresceu aproximadamente 5,5% entre 2011 e 2012, passando de 819 milhões para 864 milhões de pares, no segmento infantil o incremento foi de 12,7%, de 164 milhões para 184,9 milhões de pares.

"De 2011 para 2012 o incremento (do segmento infantil de calçados no Brasil) foi de mais de 20 milhões de pares na produção, o que ilustra a importância desta indústria", destaca Heitor Klein, presidente da Abicalçados.

Ele ainda classifica este segmento como "fundamental para o desenvolvimento da imagem do Brasil além-fronteiras, já que tem sua produção baseada na sinergia perfeita entre desenvolvimento tecnológico - preocupação com saúde, conforto e segurança das crianças -, design e qualidade", quando o assunto é a exportação de ítens do setor voltados para crianças.

ÂNGELA CAVALCANTEREPÓRTER   

Fonte: Diário do Nordeste

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