terça-feira, 22 de outubro de 2013

R$ 458 bi de investimentos em petróleo até 2016

Estudo do BNDES aponta que os aportes na economia, entre 2013 e 2016, somarão R$ 3,982 trilhões
Rio. Mesmo sem contar os novos projetos trazidos pelo leilão de Libra, a primeira área do pré-sal a ser licitada - em certame realizado ontem, no Rio de Janeiro -, os investimentos no setor de petróleo e gás crescerão em R$ 54,4 bilhões, entre os anos de 2013 e 2016, somando R$ 458,3 bilhões, segundo mapeamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De acordo com o estudo da Área de Pesquisa e Acompanhamento (APE) do BNDES, os aportes totais na economia chegarão a R$ 3,982 trilhões no período, alta de 26,3% ante o ciclo 2009-2012 (considerados os investimentos realizados).

Os investimentos na indústria, incluindo petróleo e gás, somarão R$ 1,1 trilhão, de acordo com as projeções do banco Foto: Thiago gaspar
Os investimentos na indústria, incluindo petróleo e gás, somarão R$ 1,1 trilhão, nas projeções do banco, volume 24,3% superior aos investimentos do período 2009-2012. Em relação à projeção de investimentos anterior (2013-2016), feita pelo BNDES em fevereiro, foram adicionados R$ 66,77 bilhões.

Projeções

As projeções do BNDES para o setor de petróleo e gás não incluem projetos a serem adicionados após o leilão de Libra, nem os da 11ª Rodada de licitações da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que ofertou novos blocos de exploração, em maio passado. "O resultado (do leilão de ontem) pode indicar um investimento maior. Portanto, há um viés de alta nos investimentos", diz o superintendente da APE, Fernando Puga, destacando o peso do setor de petróleo, independentemente do pré-sal.

Segundo os técnicos do BNDES, faltam informações sobre os investimentos relacionados à exploração do campo de Libra. O plano de negócios da Petrobras e demais petroleiras é a principal fonte de informações para mapear os projetos de investimento no setor.

Cenários

Ainda assim, valores e andamentos dos projetos são analisados com olhar "conservador". Segundo Puga, a Petrobras tem apresentado seu plano de negócios com dois cenários. "Dentro dessa pesquisa tem um julgamento do que vai ser investido. No caso da Petrobras, estamos pegando o número mais conservador", diz Puga, destacando que a opção não se deve a "ceticismo".

Apesar do avanço em petróleo e gás, o comportamento de cada setor da indústria é distinto. Dos nove setores mapeados, houve elevação nos investimentos projetados em apenas três. Seis deles deverão investir menos: as indústrias do setor extrativo-mineral, de papel e celulose, química, siderúrgica, eletroeletrônica e aeronáutica.

Segundo Puga, o investimento industrial responde a uma mudança de composição, marcada pela crise internacional, na qual os setores voltados para o mercado interno ganham mais dinamismo, em detrimento daqueles voltados para commodities e exportações.

Concessões

Com relação aos investimentos em infraestrutura, o estudo do BNDES projeta R$ 509,7 bilhões no ciclo de 2014-2017, numa composição em que os aportes em logística conquistam espaço, turbinados pelas concessões ao setor privado. O mapeamento projeta que a taxa de investimentos pode chegar a 22,2% PIB nacional em 2018, caso as concessões de infraestrutura sejam contabilizadas. Sem elas, a taxa ficará em 20,6%. Segundo Puga, a simulação leva em conta um crescimento médio anual de cerca de 4% até 2018.

Premium II: óleo da Bacia de Santos

O óleo a ser extraído do Campo de Libra poderá ter como um dos destinos a refinaria Premium II, em São Gonçalo do Amarante. O empreendimento produzirá, por exemplo, derivados do petróleo a partir do óleo bruto extraído no campo leiloado ontem, que está localizado na Bacia de Santos, no Rio de Janeiro.

Além disso, destaca o professor do curso de Tecnologia em Petróleo e Gás da Universidade de Fortaleza (Unifor), Roberto Macedo, o País terá de "aumentar sua capacidade industrial" no setor para viabilizar o produção nos próximos anos.

O Ceará, acrescenta, deverá participar desse processo de expansão, através, por exemplo, do desenvolvimento de tecnologias ou de formação de mão de obra especializada. Profissionais de áreas como oceanografia, indica, serão bastante demandados a partir da realização dos investimentos previstos.

Macedo destaca que novos empreendimentos ligados ao setor deverão ser atraídos a partir da instalação da Premium II. A previsão mais recente anunciada pela Petrobras é lançar a licitação para as obras da refinaria em abril do próximo ano.

Confronto marca protesto

Rio. Do lado de fora do Hotel Windsor, sindicalistas, estudantes e ativistas mascarados participaram de um violento protesto contra o leilão. O forte aparato de segurança, com 1.100 homens, embarcações da Marinha e helicópteros, não conseguiu conter cerca de 400 manifestantes, que confrontaram os militares por quase quatro horas, até mesmo na areia da praia da Barra da Tijuca. Ao menos oito pessoas ficaram feridas, atingidas por pedras e balas de borracha. Os manifestantes incendiaram um banheiro público e lixeiras na Avenida Lúcio Costa.

Placas de sinalização e um abrigo de ônibus também foram depredados pelos mascarados. Os tapumes de alumínio que cercavam uma obra na Praça São Perpétuo, a 200 metros do hotel, viraram escudos. Pedras portuguesas e pedaços de madeira, armas. Dois carros de imprensa foram alvo de manifestantes, que picharam e os depredaram. Um deles foi tombado e incendiado, servindo de barricada na tentativa de conter a Força Nacional. Dois repórteres fotográficos também ficaram feridos, atingidos por pedra e bala de borracha. Nenhum corre risco de morte. O primeiro confronto começou por volta das 10h40, após provocação de um ativista fingiu passar a barreira de ferro montada pela Força Nacional e foi reprimido com spray de pimenta.

Fonte: Diário do Nordeste

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