Teste de creatinina é vital ao diagnóstico
Como um marcador da saúde dos rins, o aumento da creatinina no organismo indica a redução da função renal
Diabetes e hipertensão arterial estão entre as principais causas de insuficiência renal crônica. São 30% dos diabéticos que desenvolvem essa doença caracterizada pela perda lenta e progressiva da função renal decorrente também a doenças no órgão correspondente como inflamação (glomerulonefrites), infecções (pielonefrites), cálculos renais e rins policísticos.
Reduzir a ingestão de alimentos crus e derivados do leite é uma medida complementar importante
Foto: Divulgação
O controle de infecções urinárias de repetição, a descoberta dos distúrbios metabólicos que provocam pedras nos rins e a contenção do uso abusivo (e não controlado por médicos) de anti-inflamatórios, substâncias potencialmente tóxicas para os rins, são essenciais ao tratamento, segundo Hugo Abensur, presidente da Sociedade de Nefrologia do Estado de São Paulo, assim como o controle do diabetes e da hipertensão.
Exames preventivos
Inicialmente, a insuficiência renal crônica não apresenta sintomas e sua detecção pode ocorrer por meio da dosagem de duas substâncias no sangue: a ureia e a creatinina.
Ambas possuem sua produção no próprio organismo (são retiradas do sangue pelos rins e eliminadas pela urina). O valor normal de ureia no sangue é em torno de 40 mg/dl e 1,0 mg/dl de creatinina. "Se o paciente apresentar valores de ureia de 60 e dois de creatinina, indica que ele deve ser investigado com suspeitas de problema renal", ressalta.
A creatinina funciona como um marcador do funcionamento dos rins, já que seus valores aumentam à medida que ocorre a redução da função renal. O seu aumento se torna significativo quando existe uma perda de mais de 50% da atividade renal. A substância é derivada da creatina, produzida pela musculatura que, ao transformar-se em creatinina, deve ser eliminada pelos rins.
O valor da creatina em indivíduos normais apresenta uma variação em relação ao sexo e ao volume da massa muscular. A concentração é maior em homens e atletas. Nas mulheres, crianças e idosos, a concentração sanguínea é, proporcionalmente, menor.
O teste de creatinina é um exame de sangue simples e de baixo custo, realizado em laboratório de análises clínicas e disponível pelo SUS. Vale ressaltar que a doença é silenciosa, sendo geralmente diagnosticada em estágio avançado. Quando descoberta no início, pode ser tratada e controlada.
Função
Os rins apresentam forma de feijão, com 10 centímetros de comprimento, localizados na parte posterior do abdomen. Entre suas funções vitais: filtrar o sangue, removendo resíduos tóxicos produzidos no corpo ou ingeridos por meio da alimentação; eliminar o excesso de água, evitando o aparecimento de inchaço, assim como eliminar o excesso de sais contidos no organismo.
Além disso, os rins produzem hormônios como a eritropoetina, que estimula a produção de glóbulos vermelhos na medula óssea e evita o aparecimento de anemia. E o hormônio calcitriol, uma forma de vitamina D, que contribui para manutenção da saúde da estrutura óssea.
Diante da perda de suas funções, os rins passam a acumular substâncias tóxicas no organismo, com prejuízo para quase todos os órgãos. Com esse processo, o paciente tende a ficar intoxicado, apresentando uma série de sintomas, a exemplo da perda de apetite, tendência a sangramentos, pele ressecada e com prurido, assim como inflamação nas membranas que recobrem o pulmão e o coração. O excesso de água e de sais no organismo pode gerar edema e aumento da pressão arterial, explica o médico.
A falta da produção de hormônios ocasiona anemia, devido à diminuição dos níveis de eritropoetina (hormônio que estimula a produção de glóbulos vermelhos, e doenças ósseas com a falta da vitamina D produzida nos rins (calcitriol), inclusive com a ocorrência de fraturas espontâneas. Nos casos em que o paciente perde até 90% da função renal, é indicada a diálise ou o transplante. Tais procedimentos são indicados uma vez não ser possível sobreviver com menos de 10% de função renal.
"Nesta fase, a ureia permanece em torno de 200 mg/dl e a creatinina em torno de 8 a 10 mg/dl, níveis bem acima do normal, indicando grave comprometimento da função renal. O potássio se acumula no organismo com a falta de função renal, podendo ocasionar arritmias fatais", explica.
Já na fase em que o paciente apresenta insuficiência renal, mas possui função acima de 10%, o médico informa que deve ser aplicado o chamado tratamento conservador, ou seja, a base de uma dieta controlada e o uso de medicação.
"É importante salientar que, infelizmente, não existe nenhuma medicação específica para o tratamento dos rins. O que fazemos é corrigir as situações que colocam o órgão em risco como hipertensão arterial, diabetes e o aumento do colesterol. Também desenvolvemos o tratamento das consequências decorrentes da falta de função renal, a exemplo a doença óssea e o quadro de anemia", esclarece o médico Hugo Abensur.
FIQUE POR DENTRO
Procedimentos disponíveis para filtrar o sangue
A hemodiálise e a diálise peritoneal são os tipos de tratamento disponíveis para filtrar o sangue com a retirada de substâncias que, em excesso, trazem prejuízos ao corpo, a exemplo da ureia, do potássio, do sódio e da água.
A hemodiálise é realizada diretamente do sangue. Já na diálise peritoneal, o procedimento é feito por meio do revestimento interior do abdomen, chamado membrana peritoneal. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia, em cada grupo de 1 milhão de habitantes no Brasil, 400 se encontram em programa de diálise. Este número aumenta cerca de 8% ao ano.
Além da diálise, Hugo Abensur ressalta que é importante manter uma dieta com pouco sal, sem leite e derivados (pobre em fósforo) e com pouca comida crua (pobre em potássio). Caso necessário, deve-se fazer a suplementação com hormônios, como a eritropoetina (anemia) e o calcitriol (osso), e ainda manter o tratamento da hipertensão e do diabetes se for o caso.
Fonte: Diário do Nordeste
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