Ambulantes vendem lagosta, apesar do defeso
O comércio do crustáceo está suspenso até o próximo mês de maio, devido ao período de reprodução da espécie
Segundo a norma, os pescadores que capturarem a lagosta, a espécie vermelha e a cabo verde, que são as mais procuradas, estão sujeitos a multas que variam de R$ 700 a R$ 100 mil, acrescido de R$ 20 por quilo do produto irregular
Foto: José Leomar
Na Praia do Futuro, pela manhã, a reportagem flagrou uma ambulante que acertava com um turista de Goiás a venda de algumas lagostas. Os preços variavam de R$ 20 a R$ 50, conforme o tamanho.
"Estamos aqui hoje (ontem) curtindo esse paraíso que Deus nos deu, que é a Praia do Futuro, com a família, e vamos degustar uma lagostinha", afirmou Jaci, que aparentemente não estava a par de que a captura da lagosta está proibida, no defeso, no litoral brasileiro, até 31/05/2015.
Segundo a norma do Ibama, os pescadores que capturarem a lagosta, a espécie vermelha e a cabo verde, que são as mais procuradas, estão sujeitos a multas que variam de R$ 700 a R$ 100 mil, acrescido de R$ 20 por quilo do produto irregular, além da pena de três anos de detenção.
Caranguejo
Até ontem também, o caranguejo, outro crustáceo muito apreciado nas praias do Ceará e do Nordeste, estava em período de defeso. Tendo sido este o primeiro dos dois ciclos de janeiro em que sua captura e comercialização ficam proibidos. Neste caso, entretanto, não foi constatada irregularidade. A presidente da Associação dos Barraqueiros da Praia do Futuro, Fátima Queiroz, diz que os empresários já se acostumaram com a medida.
"Não ouvimos mais falar de pessoas que desrespeitem as regras e a maioria dos barraqueiros já se programa para essas políticas, assim como o público consumidor não vê problema em consumir o caranguejo resfriado, que é como qualquer crustáceo conservado dessa maneira e não tem alteração no sabor", diz.
Em Fortaleza, às quintas-feiras e nos fins de semana, o caranguejo é a estrela do cardápio de muitos restaurantes e barracas de praia, como o Chico do Caranguejo, onde a caranguejada é tradição. Para o supervisor da barraca, Mário Rodrigues, apesar da importância do defeso na preservação principalmente dos caranguejos-uçás, espécie usada no preparo das caranguejadas, ele chega a atrapalhar.
"As pessoas procuram o caranguejo pelo tamanho, que diminui na época do defeso, além da pouca quantidade a ser comercializada. Por exemplo, o defeso neste mês começou na quarta-feira, dia 7. Na quinta-feira já diminuiu o estoque e quando chega o domingo acaba cedo".
E o supervisor ressaltou: "inclusive, hoje (ontem), quando muitos cearenses procuram a nossa barraca em busca de degustar caranguejo, o estoque não chegará até o meio-dia. Além do que o tamanho do crustáceo está pequeno e muita gente reclamará por isso. Essa é uma questão criada pelo defeso".
Mário Rodrigues disse que é difícil estocar caranguejo para venda no período de defeso. "Nossa barraca, de quinta a domingo, vende três mil caranguejos. E, para conseguir, numa semana, estocar tal quantidade para enfrentar o defeso, é difícil. Por isso, muitos frequentadores da nossa barraca ficam sem degustar o caranguejo", acrescentou o supervisor. Ele salientou, ainda: "nós não temos outras opções de crustáceos, além do caranguejo e tudo de que dele é derivado, como a casquinha e a patinha".
Ao concluir, Mário Rodrigues ressaltou a necessidade do defeso: "o defeso é necessário porque a procura por caranguejo é muito grande. As pessoas vêm de outros Estados, da Europa, e se não houver o defeso, em mais alguns anos a captura do caranguejo ficará muito difícil e poderá até sumir do cardápio".
Novo período
Mário Rodrigues informou que já está ciente do período do segundo defeso do caranguejo neste mês, que irá de 21 a 26/01.
"Já temos em mãos a notificação do Ibama para o segundo defeso neste mês, mas temos também um período para declarar quantos caranguejos ficarão no estoque na barraca".
Proteção
A partir de 2013, o caranguejo, passou a ser protegido por lei no período de reprodução, a "andada". Neste ano, o primeiro período de defeso terminou, ontem, no Ceará e Estados do Nordeste. Os próximos defesos serão: 21 a 26/01; 4 a 9 e 19 a 24/02; 6 a 11 e de 21 a 26/03.
No defeso é permitido transporte, beneficiamento, industrialização e comercialização dos estoques de animais vivos, congelados, pré-cozidos, inteiros ou em partes, declarados ao Ibama ou Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).,
Moacir Félix
Repórter
Fonte: Diário do Nordeste
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