domingo, 18 de janeiro de 2015

Hollande rebate atos anti-Charlie

18.01.2015 O presidente comentou as manifestações contra a nova edição do jornal, cuja capa mostra o profeta Maomé

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O presidente da França no sepultamento de uma das vítimas do ataque que matou 17 pessoas no início de três dias de violência que chocaram o país
Foto: Reuters
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A ministra francesa prometeu que vai haver rigor na vigilância de ações contrárias à democracia
FOTO: REUTERS
Paris. O presidente francês, François Hollande, disse neste sábado (17) que os manifestantes anti-Charlie Hebdo em outros países não entendem o apego da França à liberdade de expressão. Suas declarações foram dadas um dia após a publicação pelo jornal satírico de uma charge do profeta Maomé ter desencadeado violentos confrontos, incluindo mortes, em alguns países muçulmanos.

A demanda disparou pela primeira edição do Charlie Hebdo desde que dois militantes armados invadiram a redação do jornal e mataram 12 pessoas no início de três dias de violência que chocaram a França. Distribuidores do jornal disseram que a tiragem foi elevada para sete milhões de cópias, superando a circulação de apenas 60 mil.

A charge de Maomé em sua primeira página indignou muitos no mundo muçulmano, desencadeando manifestações que se tornaram violentas na Argélia, Níger, Jordânia e Paquistão na sexta-feira. "Temos apoiado estes países na luta contra o terrorismo", disse Hollande durante visita à cidade de Tulle, tradicionalmente seu reduto político. "Ainda quero expressar minha solidariedade (para eles), mas, ao mesmo tempo, a França tem princípios e valores, em particular a liberdade de expressão".
Os tiroteios em Paris foram motivados pela publicação anterior de charges de Maomé pelo Charlie Hebdo, uma representação que muitos muçulmanos consideram uma blasfêmia.

Um policial e três civis foram mortos na sexta-feira no Zinder, a segunda cidade da ex-colônia francesa, enquanto igrejas foram queimadas e lares cristãos saqueados. Os protestos também se tornaram violentos na sexta-feira na cidade do sul do Paquistão de Karachi, onde a polícia usou gás lacrimogêneo e canhões de água contra os manifestantes do lado de fora do consulado francês.

Produzida por sobreviventes do ataque ao jornal, a última edição do Charlie Hebdo esgotou em minutos quando chegou às bancas na quarta-feira. Ela mostra uma caricatura de um Maomé choroso com os dizeres "Je suis Charlie" e sob as palavras "Tudo está perdoado".

Suspeita presa

A polícia britânica prendeu uma mulher de 18 anos em um aeroporto de Londres sob suspeita de preparar atos de terrorismo e de pertencer a uma organização proibida, disse um comunicado da polícia. Sua prisão na sexta-feira depois que ela chegou em um voo no aeroporto de Stansted foi ligada a uma investigação prévia que já havia resultado na prisão de um homem de 21 anos, no ano passado.

A prisão é a última de uma série realizada por autoridades britânicas contra o terrorismo desde que o nível de ameaça do país foi elevado em agosto para o segundo mais alto por conta de riscos decorrentes de combatentes do Estado islâmico que retornam do Iraque e da Síria.
Grande parte da Europa está atualmente em alerta de segurança intensificado após os assassinatos da semana passada em Paris e incursões na Bélgica.

Escolas registram 200 incidentes

Paris. A escola francesa foi aspirada para o centro dos debates que vieram à tona após os recentes atentados no país, que causaram 17 vítimas.

Os 200 incidentes registrados nos últimos dias - sendo 40 deles denunciados à polícia e ao judiciário por "apologia do terrorismo" - têm sido apontados como ilustração do fracasso da escola atual como modelo de integração republicana.

A ministra da Educação, Najat Vallaud-Belkacem, prometeu rigor na vigilância de atos delinquentes e contrários à democracia. Mas crescem as exigências de mudanças na pedagogia e no ensino, considerados defasados face a temas contemporâneos como laicidade e religiões, e mesmo em relação à ameaça do Islã radical.

"Um em cada cinco alunos acredita na teoria do complô (em relação aos ataques) - lamentou Belkacem, ao afirmar que "reservará algum tempo para reflexão antes de anunciar novas medidas".
Por um lado, a ministra defende a escola como instrumento "da linha de frente da integração nacional", mas sindicatos, políticos, pensadores e educadores acusam seu fracasso no tratamento de temas como laicidade, antissemitismo e tolerância.

Em seus relatos, professores disseram ter notado inscrições "Charlie vagabundo" nos muros das escolas, em referência ao jornal satírico "Charlie Hebdo"; alunos imitando cenas de morte com metralhadoras no pátio, e outros se negando a observar um minuto de silêncio "porque fizeram troça do profeta".

Fonte: Diário do Nordeste

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