quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Desistência do projeto gera perda de R$ 596 mi


Ao todo, o prejuízo da estatal soma R$2,7 bi, sendo R$ 2,11 bi resultado do que seria investido no Maranhão


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O empreendimento esperado para o Ceará deveria produzir cerca de 150 mil barris de petróleo por dia, metade do previsto para a Premium I
O cancelamento do projeto da refinaria cearense gerou prejuízos não somente para o Ceará, mas também para a própria Petrobras. A "descontinuidade" do empreendimento, como assim caracteriza a estatal, foi responsável pela perda de R$ 596 milhões em seu caixa. A empresa, em seu balanço divulgado ontem, não detalhou como se deu esse prejuízo.
Ao todo, a Petrobras calcula uma perda de R$ 2,70 bilhões, contando com outros R$ 2,11 bilhões de prejuízo com a desistência da Premium I, no Maranhão. Maior projeto de refino do Brasil, a Premium I, que previa dois trens de refino com capacidade para processamento de 300 mil barris de petróleo por dia - o dobro da Premium II -, estava em estágio mais avançado que a unidade cearense.
No município de Bacabeira, no Maranhão, o terreno que abrigaria a unidade já se encontrava com 80% da etapa de terraplanagem finalizada. Os demais seriam executados após a otimização do projeto básico da refinaria. A estatal pagou R$ 583 milhões pelos serviços de terraplenagem, drenagem, acessos e obras especiais, efetivamente realizados. Já na Premium I, esta etapa sequer havia sido iniciada.
A única obra civil que chegou a ser realizada foi o cercamento do terreno que receberia a unidade de refino. A Petrobras informou em seu balanço que as baixas no ativo referente aos projetos de implantação das refinarias foi o principal responsável, entre as despesas operacionais, pela queda de 38% no seu lucro líquido no terceiro trimestre do ano passado, em relação ao segundo trimestre.
O lucro reduziu de R$ 5 bilhões para R$ 3,1 bilhões entre os dois períodos.
Balanço da companhia
Entre os outros motivos apontados pela empresa para essa redução, estão os gastos com o Acordo Coletivo de Trabalho (R$ 1,0 bilhão) e pelo pagamento do acordo com a Bolívia para importação do gás natural (R$ 0,9 bilhão). "Por outro lado, a maior produção de petróleo e consequente exportação agregaram R$ 2,4 bilhões ao resultado operacional deste 3º trimestre em relação ao trimestre anterior", ponderou.
O balanço da estatal foi divulgado com 70 dias de atraso em relação à data antes prevista e não traz as baixas contábeis relacionadas a atos ilícitos, investigados pela Operação Lava-Jato.
"Concluímos ser impraticável a exata quantificação destes valores indevidamente reconhecidos, dado que os pagamentos foram efetuados por fornecedores externos e não podem ser rastreados nos registros contábeis da Companhia", justificou a presidente da estatal, Graça Foster, em nota enviada à imprensa ontem, na qual comenta os resultados financeiros da empresa.
Diante deste "momento único em sua história", como caracteriza Foster, referindo-se à operação da Polícia Federal, ela informa que a empresa está reduzindo o ritmo de investimentos em alguns projetos.
"Principalmente aqueles com baixa contribuição ao caixa nos próximos dois anos, de forma que nosso orçamento fique no patamar de US$ 31 bilhões a US$ 33 bilhões neste ano de 2015". (SS)
Buscar a iniciativa privada  é a alternativa do Estado
Com a desistência da Petrobras de implantar a refinaria de petróleo Premium II, - jogando uma "pá de areia" em um sonho acalentado pelos cearenses e anunciado pela classe política há mais de 40 anos - a alternativa que resta para o Estado voltar a vislumbrar a implantação de polo petroquímico no Ceará, seria, agora, o governo Estadual buscar um investidor puramente privado, para viabilizar o empreendimento. A sugestão é de Cláudio Pinho, prefeito de São Gonçalo do Amarante, um dos municípios mais prejudicados social e economicamente, juntamente com Caucaia, com a decisão da Petrobras.
"Acho lamentável essa atitude da Petrobras, mas o Brasil continua precisando refinar petróleo, porque continua importando derivados - gasolina, diesel, nafta etc. Portanto, acho que o governador Camilo Santana deve buscar outros investidores, da iniciativa privada, para construir a refinaria", apontou Pinho. Para ele, esse é o caminho a ser perseguido agora, pelo governador, juntamente com toda a sociedade cearense.
'2º Calote'
Em entrevista ao Diário do Nordeste, na tarde de ontem, pinho destacou que a desistência da Premium II não é o primeiro, mas "o segundo calote" que a Petrobras aplica no Ceará. Ele relembrou que, no passado recente, a Estatal petrolífera, após termo de compromisso celebrado com o governo do Estado e parceiros privados, também desistiu de participar da sociedade para implantação da CSP (Companhia Siderúrgica do Pecém), negando-se a fornecer o gás natural para o beneficiamento do minério de ferro.
O recuo da Petrobras levou o então governador Cid Gomes, a buscar uma parceira privada, ação que resultou na formação de uma joint ventury entre as Coreanas Dong Kuk, Posco e a brasileira, Vale, viabilizando o empreendimento.
"Camilo Santana tem que fazer o mes mo", defende Pinho. Claudio Pinho não aponta nomes de empresas, mas garante que há investidores estrangeiros interessados em implantar uma refinaria, aplicando 100% de capital próprio. A reportagem tentou ouvir o prefeito de Caucaia, Washington Luiz Góis, mas ele não se posicionou sobre o tema.

Fonte: Diário do Nordeste

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