terça-feira, 13 de janeiro de 2015

O mundo aos pés de Cristiano Ronaldo                                                                  

O português superou Messi e Neuer para faturar, pela terceira vez, o prêmio de melhor jogador da temporada



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Logo após discursar, Cristiano Ronaldo comemorou sua terceira Bola de Ouro da carreira com um urro. O grito é repetido a cada gol ou vitória do Real Madrid, e já virou uma marca do atacante nascido na Ilha da Madeira, em Portugal

Fotos: Reuters

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Sem os brasileiros presentes, os outro nove jogadores eleitos para a seleção Fifa de 2014 posaram para foto com os troféus recebidos, ontem , em Zurique
          
Depois de muita pressão por parte do Real Madrid, Cristiano Ronaldo conseguiu o que tanto queria: venceu Lionel Messi para, pela segunda vez consecutiva, ser eleito como melhor jogador do mundo. A consagração ocorreu ontem, na festa de gala da Fifa, em Zurique, encerrada com e entrega da Bola de Ouro de 2014 para o português.

Esta é a terceira vez que Cristiano Ronaldo vence a premiação. A primeira, em 2008, enquanto ainda atuava pelo Manchester United, foi quando o prêmio era entregue apenas pela Fifa. Messi venceu em 2009 e nas três primeiras premiações desde que a escolha passou a ser feita de forma conjunta pela Fifa e pela revista France Football.

Cristiano Ronaldo voltou a ser o melhor do mundo em 2013, ano em que argentino sofreu com lesões. Ficou, na época, a sensação de que não houve confronto direto. Agora, porém, não resta dúvida de que Cristiano Ronaldo foi melhor do que o jogador do Barcelona e vice-campeão na Copa do Mundo.

Apesar de atrás do craque argentino, o lusitano empatou com Zidane e Ronaldo com três bolas de ouro.

Com sobras

O português sobrou na votação. Recebeu 37,66% dos votos, contra 15,76% de Messi e 15,72% de Manuel Neuer, goleiro alemão do Bayern de Munique que era o candidato da tese de que o melhor do mundo em ano de Copa do Mundo deve ser um campeão mundial.

O prêmio entregue ao português, entretanto, consagra uma temporada que só não foi perfeita para Cristiano Ronaldo por causa do fraco desempenho de Portugal no Mundial. O craque finalmente conseguiu consagrar o seu estilo de jogo, combinando força e explosão físicas fora do normal com uma habilidade ímpar. Se há quem argumente que Messi é mais genial, não há como negar que o português mostrou-se completo no último ano: sabe driblar, chutar, passar, cabecear e bater faltas.

Só no Campeonato Espanhol foram 38 gols em 2014, exatamente um para cada rodada do torneio. Na atual temporada, os números são incontestáveis: 26 bolas na rede em apenas 16 partidas pela competição. Só na primeira temporada pelo Real Madrid (2009/2010) não teve média de pelo menos um gol por jogo no Espanhol.

Muitos dos tentos foram decisivos. Na Liga dos Campeões, foram incríveis 17 gols, sendo um nas quartas de final (sobre o Borussia Dortmund), dois na semifinal (diante do Bayern de Munique) e, machucado, fez o último do torneio, na decisão contra o Atlético de Madrid.

Com seu principal jogador impossibilitado de resolver sozinho, Portugal foi eliminado na primeira fase do Mundial, mas só veio ao Brasil graças a CR7.

Seleção tem dupla de zaga brasileira

Zagueiros titulares do Brasil na Copa do Mundo, Thiago Silva e David Luiz formam a dupla de zaga da seleção de 2014, anunciada ontem, na festa da Bola de Ouro da Fifa, em Zurique (Suíça). A escolha foi feita por jogadores sindicalizados a entidades lidadas à FIFPro, uma espécie de sindicato internacional.

Thiago Silva já havia sido eleito para a seleção ideal da Fifa em 2013, quando foi escolhido junto do alemão Philipp Lahm, do espanhol Sergio Ramos e do também brasileiro Daniel Alves.
Capitão do Brasil na Copa do Mundo, o zagueiro do Paris Saint-Germain estava suspenso e não jogou no histórico 7 a 1 da Alemanha.

Já David Luiz, bastante criticado pela atuação nos dois últimos jogos do Brasil na Copa, substitui exatamente Daniel Alves na seleção ideal. Thiago Silva, Sergio Ramos e Philipp Lahm foram reeleitos. No gol, o alemão Manuel Neuer também repetiu o prêmio de 2013.

11 eleitos

A seleção de 2014 da Fifa: Neuer (Bayern de Munique); Lahm (Bayern), Thiago Silva, David Luiz (Chelsea/PSG) e Sergio Ramos (Real Madrid); Iniesta (Barcelona), Di Maria (Real Madrid) e Toni Kroos (Bayern/Real Madrid); Messi (Barcelona), Cristiano Ronaldo (Real Madrid) e Robben (Bayern).

Já o técnico da seleção alemã campeã da Copa do Mundo em 2014, Joachim Low venceu o prêmio de melhor do ano. Ele bateu os concorrentes Diego Simeone, técnico do Atlético de Madri que levou o time ao título espanhol e ao vice-campeonato da Liga dos Campeões, e Carlo Ancelotti, que conquistou a décima Liga dos Campeões do Real Madrid.

Enquanto Luiz Felipe Scolari não foi votado por ninguém depois do fracasso do Brasil na Copa do Mundo.

Feminino

Marta voltou a bater na trave na disputa pelo prêmio de melhor do ano. A brasileira, que ganhou por cinco vezes consecutivas entre 2006 e 2010, foi a segunda mais votada. Quem ficou com o título foi a meio-campista alemã Nadine Kessler, de 26 anos, destaque do Wolfsburg.

'Não sei onde vou jogar', dispara Lionel Messi

Apontado pela imprensa espanhola como um dos pivôs da atual crise do Barcelona, o atacante Lionel Messi, 27, afirmou, ontem, que não sabe em qual clube jogará na próxima temporada: "Não sei de nada. Não sei se jogarei no Newell's e nem onde vou jogar na temporada que vem", afirmou Messi durante coletiva de imprensa antes da entrega do prêmio Bola de Ouro ao melhor jogador de 2014.

"Sempre disse que gostaria de acabar a minha carreira no Barcelona e seguir no Newell's, mas, como disse o Cristiano Ronaldo, o futebol dá muitas voltas e nunca sabemos o que vai acontecer. Estou muito feliz no Barça, mas não sei", disse o argentino. Sem título na temporada e três lesões, Messi chegou à premiação da Bola de Ouro da Fifa, em Zurique, na Suíça, com problemas fora de campo. Segundo a imprensa local, o atacante não tem um bom relacionamento com o técnico do Barcelona, Luis Enrique.

Coadjuvantes

Companheiro de Barcelona, o brasileiro Neymar caiu duas posições na disputa do prêmio da Bola de Ouro. O capitão da Seleção Brasileira, que havia sido o quinto melhor de 2013, terminou na sétima posição entre os melhores de 2014, com 2,21% dos votos de técnicos, capitães e jornalistas de cada um dos países filiados à Fifa.

Além dos três primeiros (Cristiano Ronaldo, Messi e Neuer), o atacante ficou atrás do holandês Robben (7,17%) e dos alemães Müller (5,4%) e Lahm (2,90%).

Apenas Aliva Uinifareti (capitão da Samoa Americana), Jean Nesley (técnico de Bahamas), Dunga, Bin Haji Ali Dayem (técnico de Brunei) e Rabary Clément (jornalista de Madagascar) votaram em Neymar como melhor do mundo.

Análise
Neymar, o último de sangue nobre na 'colmeia'

Desde 2008 que o filme se repete. Chega o dia da cerimônia da Bola de Ouro da Fifa e surge um certo "desânimo" na imprensa brasileira. Nossos compatriotas teriam mesmo perdido o protagonismo no futebol mundial?

Quando comecei a acompanhar o esporte, na década de 1990, havia um predomínio natural do talento brasileiro sobre os adversários. Mais cedo ou mais tarde, se sabia, alguém nascido por aqui ficaria com o troféu, era questão de tempo. E as duas últimas décadas findaram com o País sempre em vantagem na disputa.

Neste ano, o Brasil teve de se contentar com sua dupla titular na Copa de 2014, Thiago Silva e David Luiz, fazendo parte da seleção da temporada - o que até rendeu mais contestação do que propriamente aplausos.

O fato é que, se no início dos anos 2000 o Brasil tinha nomes como Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho, Kaká e Roberto Carlos com chances reais de levar o prêmio - quatro deles acabaram arrebatando seis títulos -, agora, o cenário é preocupante para o País: só Neymar pode chegar lá nos próximos anos. Até mesmo a antes imbatível Marta - vencedora de 2006 a 2010 entre as mulheres - há quatro anos faz apenas figuração.

Talvez Neymar possa vir a ser melhor do que todos os outros citados, mas ser o único em uma "colmeia" que já produziu "abelhas rainhas" em profusão é um fato mais que emblemático, é uma constatação: a base do futebol nacional há tempos perdeu seu mel e precisa reencontrá-lo.

Pery Negreiros
Editor de área

Fonte: Diário do Nordeste

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