quarta-feira, 26 de março de 2014

Brasil participa de descoberta de anéis de corpo celeste conhecido como centauro

                                                       
Foto: Observatório Nacional / Divulgação
O centauro (maior que asteroide e menor que um planeta-anão) Chariklo, que orbita entre Saturno e Urano, mede 250 km de diâmetro e possui dois anéis batizados com os nomes das cidades litorâneas extremas do Brasil, o Oiapoque e o Chuí Foto: Observatório Nacional / Divulgação

Uma observação feita no ano passado por astrônomos de vários países, incluindo pesquisadores do Brasil, permitiu a descoberta de anéis em um corpo celeste do sistema solar do tipo centauro, pequenos objetos que orbitam ao redor do Sol atravessando as órbitas dos planetas.

O objeto, denominado Chariklo, está situado entre as órbitas de Saturno e Urano, e tem dois anéis, distantes cerca de 9 quilômetros um do outro. O artigo descrevendo a descoberta  foi publicado nesta quarta-feira (26) na revista Nature e é assinado por 62 astrônomos, sendo 11 brasileiros, dos quais cinco trabalham no Observatório Nacional (ON), órgão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Oiapoque e Chuí

Os anéis foram batizados pelos descobridores como Oiapoque, para o mais largo, enquanto o outro foi denominado Chuí, mas a confirmação dos nomes depende ainda da IAU (sigla em inglês para União Astronômica Internacional). A descoberta põe por terra a tese que vigorava até então, de que somente os planetas gigantes (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno) têm anéis.

O astrônomo Roberto Vieira Martins, do ON, disse que o fenômeno foi visto em sete observatórios localizados na América Latina, com destaque para Chile, Uruguai, Argentina e Brasil. O projeto resultou de cooperação entre o ON, o Observatório de Paris e o Instituto de Astrofísica de Andaluzia,  na Espanha. Martins esclareceu que a observação faz parte de um programa de longo prazo que pretende  entender como o sistema solar se formou  e como evoluiu no início de sua vida.

“Dentro desse projeto, a gente observou esse objeto particular e descobriu, por acaso, que ele tinha anéis. A importância  do anel é que, até hoje, só se conhecia anéis nos grandes planetas do sistema solar. Nenhum outro objeto tinha anel”, sustentou. Chariklo Centauro é um objeto pequeno, cujo diâmetro mede apenas 250 quilômetros. “É menor do que a Lua”.

Fora a surpresa da descoberta, os astrônomos vão se dedicar agora a tentar explicar como isso ocorreu, porque o mecanismo de formação de anéis que a astronomia conhece hoje está ligado a planetas gigantes. “O achado vai motivar agora um olhar diferente para procurar entender como se formam anéis em um corpo celeste pequeno”, disse Martins.

Martins ressaltou que a descoberta é  importante porque se trata de uma observação  feita em cooperação entre pesquisadores  de diversos países. “Para o Brasil, em particular, significa inserção internacional da ciência”, explicou. Como a descoberta utilizou  tecnologia de ponta, o achado tende ainda ao desenvolvimento  de novos métodos e equipamentos.
Com informações: Agência Brasil


Fonte: Diário do Nordeste

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